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A Euromonitor prevê que o mercado de beleza masculino mantenha um ritmo de crescimento de 7,1% ao ano até 2019 | Brunno Covello/Gazeta do Povo
A Euromonitor prevê que o mercado de beleza masculino mantenha um ritmo de crescimento de 7,1% ao ano até 2019| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

A vaidade masculina está em alta no Brasil. Mesmo com um ano ruim em vendas para o varejo, os produtos de beleza para os homens não saíram da lista de compras em 2015. Xampu, sabonetes, produtos de barbear e cremes movimentaram cerca de US$ 5 bilhões em 2015, segundo previsão da empresa de pesquisa Euromonitor International. É uma alta de 7,1% ante a 2014, quando as compras destes produtos somaram US$ 4,7 bilhões.

“Há uma perspectiva de crescimento forte para este mercado. Não há ainda no Brasil uma marca específica de xampus para homens, apenas marcas femininas que segmentaram um ou outro produto”, diz Leandro Grespan, sócio da loja online Men’s Market, pioneira no segmento para o público masculino.

A Euromonitor prevê que o mercado de beleza masculino mantenha um ritmo de crescimento de 7,1% ao ano até 2019. Se essa previsão se concretizar, em quatro anos, o Brasil se tornará o maior mercado de cuidados pessoais para homens, movimentando US$ 6,7 bilhões e superando os Estados Unidos, que terão um mercado de US$ 6,4 bilhões em quatro anos.

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Gastos

Um levantamento da consultoria Nielsen constatou que, em 2015, o público masculino no Brasil já foi responsável por 35% dos gastos com higiene e beleza, entre condicionadores, xampus, tinturas, lâminas, sabonetes, cremes para o rosto e o corpo e perfumes. E há ainda muito espaço para crescer neste setor.

“As indústrias ainda não trabalham bem o segmento masculino. Nos EUA, as lojas têm seções de beleza para o homem, gerando identificação e fazendo ele comprar mais de um produto. No Brasil, o apelo dos produtos é a família ou a mulher”, diz Luciana Ignez, coordenadora de Atendimento Higiene e Beleza da Nielsen.

Os especialistas já notaram uma mudança sutil de comportamento na busca dos homens pela beleza. Há alguns anos, eles preferiam usar cremes para o rosto e o corpo ou tinturas em casa. Esse velho hábito começa a se modificar. Donos de salões de beleza consultados pela reportagem afirmaram que hoje pelo menos 30% da clientela já são de homens. O cliente masculino que antes só cortava o cabelo, agora faz as unhas e tinge os cabelos.

Espaço ilustre

Um fenômeno que ilustra essa procura é a transformação das antigas barbearias em espaços masculinos de beleza, decorados em estilo vintage americano. Além da dupla tradicional de navalha e tesoura, os barbeiros incrementam o serviço com produtos importados. No lugar de espuma, usam gel para barbear e, ao final, passam loções que acalmam a pele.

Roberto Realli, dono da Barber Shop Realli, em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, cobra R$ 70 para aparar a cabeleira da clientela e só atende com hora marcada.

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“A procura é muito grande. Estou sempre me atualizando para oferecer aos clientes os cortes que estão mais na moda”, conta Realli, que ostenta uma longa barba e bigodes apontados para o alto à la Salvador Dalí e abriu uma segunda unidade a quatro quadras da primeira.

Aos poucos os homens vão ganhando importância no mercado consumidor dos cosméticos. Grespan, da Men’s Market, conta que, quando o site entrou no ar, em 2012, eram oferecidas oito marcas. Hoje, já são 120 — sendo duas marcas próprias, desenvolvidas por Grenspan e seus três sócios. Para deixar o cliente à vontade, os empresários montaram uma central de atendimento onde só trabalham homens.

“Recebemos ligações de homens que citam o cabelo de um ator, por exemplo, e perguntam que tipo de produto precisam passar para ficarem parecidos. Nossos atendentes estão instruídos a dar essa explicação”, conta Grespan, acrescentando que hoje o tíquete médio é de R$ 120.

Ter esse tipo de atendimento especial é um dos pleitos dos homens ouvidos pela consultoria Minds & Hearts no estudo “Alma Masculina”. O material mostra que o homem tem comportamento diferente da mulher na hora da compra: ele entra na loja, pega o produto e sai. E não escolhe várias peças, vai ao provador, procura novas marcas, como parte das mulheres.

Novas linhas

Outra constatação apontada na pesquisa da Minds & Hearts é a falta de oferta de produtos pensados para o público masculino. A consultoria identificou que há uma insatisfação dos homens com o que está nas gôndolas. “As empresas usam uma fórmula: tem que ter azul ou preto, tem que ter metal ou couro, que quer dizer que é para homem. Isto é reflexo de um mercado que não quis se aprofundar no próprio homem”, diz a consultoria.

A gigante do varejo P&G, que produz uma linha de produtos exclusivamente masculinos, informou que vem ampliando o portfólio de lâminas de barbear da marca Gillette. Lançou o Gillette Body, um aparelho para remover pelos do corpo e o Flexball, uma tecnologia que permite que a lâmina de barbear se adaptar aos contornos do rosto, informou Poliana Sousa, diretora de Marketing e Comunicação da empresa. Segundo a P&G, o Brasil já é o segundo mercado mais importante no segmento masculino, depois dos EUA.

Adriana Castro, diretora de marketing da Unilever, disse que a empresa investe anualmente “em pesquisas para acompanhar o perfil de consumo do público e para desenvolver soluções que auxiliem os homens a manter sua rotina de cuidados”.

“E constatamos que existe uma tendência do consumidor masculino de buscar soluções de cuidado específicas para ele”, afirmou Adriana, citando que a linha Dove Men+Care entrou no mercado nacional em 2010 e teve o portfólio ampliado em 2012.

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