Vale se recupera e Bolsa sobe 2,65%; dólar fechou a R$ 2,02

O discurso em defesa do euro do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, e a recuperação das ações da Vale ao longo do dia fizeram o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechar o pregão com alta de 2,65% aos 54.002 pontos e volume negociado de R$ 6,7 bilhões. O dólar comercial se desvalorizou 0,73% frente ao real e encerrou a sessão cotado a R$ 2,020 na compra e R$ 2,022 na venda. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,029 e na mínima bateu em R$ 2,020. O dólar também recuou frente às principais moedas do mundo.

"Durante a manhã, o presidente do BCE, Mario Draghi, fez um discurso defendendo a moeda única e garantindo que a autoridade monetária está pronta para fazer o que for possível para manter a moeda única. As Bolsas na Europa passaram a subir e os pregões americanos abriram em alta", explica Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

O Ibovespa acompanhou timidamente o movimento de recuperação dos pregões mundiais, mas queda de mais de 2% das ações da Vale, após a divulgação do resultado do 2º semestre, impedia uma alta maior. "Depois do almoço, o mercado percebeu que o valor das ações da Vale estava no mesmo nível de 2011 - em torno de R$ 33 - e as ordens de venda cessaram. Os papéis inverteram o sinal, passaram a subir e o Ibovespa deslanchou", diz Monteiro.

As ações ON da Vale fecharam com alta de 1,23% a R$ 36,00 enquanto os papéis PNA subiram 0,76% a R$ 35,39. A Vale divulgou, na noite de quarta, seus números referentes ao segundo trimestre e o resultado ficou abaixo das expectativas. A Vale teve um lucro líquido de R$ 5,314 bilhões no segundo trimestre de 2012, queda de 48,3% em relação ao mesmo período do ano passado. quando lucrou R$ 10,275 bilhões. No padrão contábil US GAAP, a companhia apresentou um lucro líquido de US$ 2,662 bilhões, queda de 58,7% na comparação com igual trimestre de 2011.

"Preços menores, aumento de custos e valorização do dólar foram os vilões para a empresa no trimestre e são fatores que ainda permanecem presentes no atual, diminuindo a perspectiva para a lucratividade durante o ano todo. Hoje a queda das ações da Vale impedem uma alta mais expressiva do Ibovespa", afirmaram em relatório os analistas da Lerosa Investimentos.

As units do Santander, que operaram no vermelho quase durante todo o dia, inverteram o sinal e fecharam em alta de 2,40% a R$ 14,50. O Santander Brasil divulgou um lucro líquido de R$ 1,46 bilhão no segundo trimestre, uma queda de 5,48% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro geral do Santander foi de 1,7 bilhão de euros, metade do registrado no mesmo período do ano passado. Analistas esperavam que a operação brasileira pudesse alavancar os ganhos do Santander, mas o resultado foi considerado decepcionante.

Os papéis ON da Natura subiram 5,08% a R$ 51,73 após a empresa informar um aumento de 14,3% no lucro líquido no segundo trimestre do ano. O valor foi de R$ 215,1 milhões, frente a R$ 188,1 milhões no mesmo período do ano passado.

Já os papéis ON da Cielo, credenciadora de cartões, encerraram com a maior baixa do Ibovespa, com perda de 2,94% a R$ 60,80, após o presidente da empresa, Rômulo Dias, afirmar que a companhia perdeu para a concorrência grandes contas que representavam um volume de vendas anualizado de R$ 5 bilhões.

O discurso que o presidente do BCE, Mario Draghi, fez em defesa da manutenção do euro foi considerado forte e persuasivo. Os investidores acreditam que pode estar sendo organizada uma ação coordenada entre os principais bancos centrais do mundo para salvar a Espanha e a Itália de pedirem um resgate financeiro. Draghi afirmou que a autoridade monetária está pronta para fazer o que for possível para preservar a moeda única.

"Em nosso mandato, o BCE está pronto para fazer o que for necessário para preservar o euro e, acreditem em mim, isso será o suficiente", disse Draghi, em discurso, em Londres. Em relatório, o economista Darwin Dib, da CM Capital Markets, afirmou que o discurso de Draghi reverteu a tendência de queda das Bolsas. O juro dos títulos de dez anos da Espanha também recuou para abaixo de 7%, sendo negociado a 6,95%.

"Foi o suficiente para mudar o sinal do (índice) futuro do S&P 500 que passou de queda de 0,3% para alta de 0,78%. As bolsas europeias, que também operavam no vermelho, inverteram o sinal", destacou. As Bolsas europeias fecharam com forte alta. O Ibex, principal índice da Bolsa de Madri, ganhou 6,06%; o Dax, da Bolsa de Frankfurt, avançou 2,75%; o Cac, de Paris ganhou 4,07% e o FTSE, do pregão de Londres, avançou 1,36%.

Nos EUA, os principais indicadores também subiram. O S&P 500 ganhou 1,65%; o Dow Jones avançou 1,67% e o Nasdaq se valorizou 1,37%, também refletindo bons indicadores econômicos divulgados nesta quinta nos EUA.

Nos EUA, o número de pedidos de seguro-desemprego da última semana apontou queda de 35 mil pedidos, para 353 mil. O número veio abaixo das expectativas, já que os analistas esperavam queda para 385 mil. O US Census Bureau divulgou que os pedidos de bens duráveis em junho tiveram alta de US$ 3,4 bilhões ou 1,6%. A projeção era de uma alta de 0,4%. O número anterior ficou em 1,1%. Já o índice de vendas de imóveis pendentes nos EUA apresentou queda de 1,40% ante projeção de alta de 0,4% e resultado anterior de 5,4%.

Na Ásia, a maioria das bolsas fechou em alta, com os investidores voltando às compras após uma série de baixas nos pregões. Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou com alta de 0,08%. No Japão, o índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,92%. Na Coreia do Sul, o índice Kospi, de Seul, avançou 0,74%. Apenas as Bolsas da China caíram, com os investidores preocupados com a desaceleração do país. O índice Xangai Composto, da bolsa de Xangai, fechou em baixa de 0,48%, enquanto o Shenzhen Composto recuou 0,8%.