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A Nova Varig tem 30 dias para restabelecer sua malha de vôos. O prazo está previsto no processo de recuperação judicial da empresa, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e está valendo desde a última segunda-feira, quando foram depositados os US$ 75 milhões exigidos no processo de compra da companhia. Até lá, a empresa não deve ser punida pela agência reguladora por suspender rotas, informou a assessoria de imprensa da Anac. Mesmo assim, a agência quer que a companhia informe, até o fim desta terça-feira, quais rotas atenderá neste período e com que freqüência.

Os problemas para os passageiros continuaram nesta terça-feira. A Nova Varig está operando com apenas sete aeronaves, concentradas na já bem coberta rota Rio-São Paulo. Caso a companhia não se pronuncie, a própria Anac determinará quais rotas deverão ser atendidas pelas poucas aeronaves em funcionamento. No entanto, isso só deve acontecer caso a empresa não anuncie o atendimento a nenhuma rota além da ponte aérea. A Anac deverá divulgar nota a qualquer momento sobre o assunto.

A Fundação Procon de São Paulo informou que a Nova Varig poderá ser multada em um valor entre R$ 212,82 e R$ 3.192.300 por causa dos atrasos e cancelamento de vôos.

A empresa, de acordo com os fiscais do órgão de defesa do consumidor, está infringindo o artigo 48 do Código de Defesa do Consumidor, que trata do descumprimento de contratos.

Em visita nesta terça-feira ao aeroporto de Cumbica, o Procon constatou 11 irregularidades em vôos da Varig, sendo quatro em vôos nacionais e sete em internacionais.

No Rio, quase todos os vôos da Varig saindo do aeroporto internacional Tom Jobim foram cancelados, inclusive os da ponte aérea, que estão saindo apenas do aeroporto Santos Dumont.

Além da Rio-São Paulo, a Varig voou dentro do país apenas entre São Paulo e Porto Alegre, entre São Paulo e Manaus (com volta passando por Fortaleza) e entre Rio e Recife (com escalas em São Paulo e Salvador).

A Anac havia determinado anteriormente a retomada dos vôos para Salvador, Recife, Fortaleza, Curitiba, Fernando de Noronha, Florianópolis, Macapá, Brasília, Belém, Manaus, Foz do Iguaçu e Natal.

No exterior, os únicos destinos para os quais a Varig mantém vôos são Frankfurt, Miami e Nova York, sendo esses dois últimos alternadamente.

Os passageiros que tiveram os vôos cancelados no aeroporto internacional do Rio reclamavam dos contratempos. Eles foram direcionados para outras companhias ou encaminhados, de táxi, por conta da Varig, ao aeroporto Santos Dumont para pegar a ponte aérea.

O professor Rafael Lima e a engenheira Adriana Linhares voltaram de uma viagem ao Canadá com um prejuízo de R$ 430 por causa da crise da empresa. O vôo partindo de Belo Horizonte fazia conexão em São Paulo, mas o trecho foi cancelado pela Varig e o casal teve que comprar por conta própria passagens de outra companhia para não perder o trecho para Montreal, feito pela American Airlines.

- Gastamos R$ 380 com passagens e ainda tivemos que trocar de aeroporto em São Paulo, o que custou mais R$ 50. Nem temos como pedir reembolso. Ficamos no prejuízo - contou Rafael.

Já um grupo de brasilienses que voltava de uma excursão aos Estados Unidos reclamou de atrasos, cancelamentos e extravio de bagagens pela Varig. Os passageiros acabaram tendo que fazer uma escala a mais em Nova York, na ida, e outra em Atlanta, na volta, e afirmaram que a Varig não arcou com os custos extras com alimentação.

- Também tivemos que esperar nove horas no aeroporto de São Paulo e outras sete em Nova York. Perdemos quase um dia em Orlando. Atrapalhou muito a viagem. Nosso grupo acabou sendo dividido em dois e parte ainda ficou em Atlanta - contou a estudante Ana Carolina Clemente.

Já a passageira Ana Melhim reclamava da falta de assistência da companhia ao tentar embarcar seu filho, de 17 anos, para Copenhagen. Jonas Melhim Mith, que mora na Dinamarca, disse que teve que trocar de aeroporto em São Paulo e contou que sua mala chegou ao Brasil com uma semana de atraso. Ele estava com o vôo marcado para a noite desta terça-feira, mas soube do cancelamento na véspera e chegou de manhã cedo no aeroporto para tentar conseguir embarcar.

- Ele vai ter que dormir em Frankfurt sozinho e a Varig não vai pagar alimentação, hospedagem, nem transporte. Ele é menor de idade e eles não darão assistência alguma - lamentava a mãe.

Os funcionários da companhia também reclamam. Os salários estão atrasados e houve corte nos benefícios com alimentação e transporte.

- Meu pai está me dando dinheiro para eu conseguir vir trabalhar - contava uma estagiária.

- Estou há um mês sem salário. Os funcionários estão absorvendo toda a tensão dos passageiros. Alguns já foram até agredidos fisicamente. A diretoria, que é a culpada, não está nem aí. Estamos aqui dando a cara a tapa. Sabemos que vai ter demissão e sequer sabemos quais vão ser os critérios - contou uma funcionária.

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