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Preços

Veículos levam IGP-10 à maior deflação da história

A crise internacional levou o IGP-10 de janeiro a registrar a menor taxa de sua história: deflação de 0,85%. O comportamento de preços que mais surpreendeu foi o do setor automotivo. Os automóveis para passageiros passaram de alta de 0,85% para queda de 8,56%, de dezembro para janeiro.

Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a forte queda no IGP-10 abre mais espaço para cortes de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem. Para ele, a inflação mostra um cenário favorável, com uma sequência de três taxas negativas consecutivas em IGPs fechados, como foi o caso do IGP-M de dezembro (-0,13%); IGP-DI de dezembro (-0,44%) e o IGP-10 de janeiro (-0,85%), anunciado ontem.

"A inflação não parece motivo de preocupação, e a chance de se convergir para a meta (de inflação) desse ano (4,5%) é muito grande", afirmou. Ele, entretanto, acha difícil que o BC possa cortar a Selic de uma forma muito brusca. Na análise do economista, isso não combina com a postura conservadora do BC.

Segundo Quadros, os primeiros sinais de recuo na demanda internacional, devido à crise, atingiram setores na economia doméstica cujas produções, compras ou vendas estavam relacionadas ao mercado internacional. Ou seja: com a menor procura por itens no exterior, produtos com forte participação nas exportações brasileiras acabaram elevando sua oferta no mercado interno, levando à queda de preços.

Ao mesmo tempo, o recuo nos preços das commodities no exterior ocasionado pela crise também afetou os preços no cenário interno. Um ponto ressaltado pelo economista foi o fato de que, atualmente, estamos em um movimento de desvalorização do real em relação ao dólar, mas mesmo assim, os IGPs têm apresentado taxas negativas. "O fato de o dólar estar subindo e os IGPs, em trajetória de queda, é algo inédito", afirmou.

Carros

Ele comentou também que a redução na alíquota do IPI em dezembro para os automóveis ajudou a puxar para baixo os preços dos carros. Além disso, as empresas do setor automotivo foram uma das primeiras a serem afetadas pela crise internacional. "As montadores estão com os estoques cheios, e querem se livrar desses estoques. E esse movimento de recuo de preços já pode ser detectado no varejo", afirmou o economista. No âmbito do consumidor, a deflação nos preços de automóveis novos passou de 0,03% para -14,32%, de dezembro para janeiro.

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