Curitiba A uma semana do Dia da Criança, o comércio varejista de brinquedos demonstra estar bastante animado: dependendo da loja, a expectativa é de que o faturamento das vendas cresça de 10% a 30% em relação ao mesmo período de 2004. Seria um ótimo início para o último trimestre do ano, período em que se concentram até 40% das vendas anuais do segmento que tem sofrido com a crescente concorrência dos videogames, computadores, jogos eletrônicos e até telefones celulares, que ganham cada vez mais espaço no gosto da criançada.
Mesmo com o avanço do que alguns lojistas chamam de "produtos substitutos", há quem aposte ainda mais alto nos brinquedos tradicionais. Sebastian Mácio, supervisor comercial da PB Kids, espera um faturamento 50% superior ao do Dia da Criança do ano passado. Por isso, o volume estocado na loja já é 80% maior que o de outubro do ano passado. Uma das novidades que a PB Kids preparou é a lista de presentes, que pode ser deixada pelos pais na loja. Assim, diz Mácio, "tios, madrinhas e avós podem comprar com tranqüilidade, sabendo que a criança vai gostar do presente".
A Titá Brinquedos, loja que tem quase 30 anos de mercado, projeta um crescimento um pouco mais discreto para as vendas dessa data: cerca de 10% sobre 2004. Mas Fabiano Benévolo Lopes, um dos proprietários, já comemora um crescimento de 20% em relação ao movimento dos últimos meses. "O interessante é que neste ano o pessoal começou a comprar mais cedo, pouco depois dos feriados de setembro. Geralmente, as vendas ficam mais intensas de sete a dez dias antes do Dia da Criança".
Para o desgosto da indústria nacional de brinquedos, a temporada de presentes para as crianças deverá dar continuidade a uma tendência que vem se fortalecendo nos últimos anos: o avanço dos importados, que neste ano ganham mais impulso graças à desvalorização do dólar.
E quando se fala de importados, não se trata da concorrência desleal dos brinquedos contrabandeados do Paraguai e vendidos no comércio ambulante a preços baixos. Mesmo nas lojas mais tradicionais, entre 60% e 70% dos itens são fabricados fora do país, principalmente na China. Foi para lá que gigantes como a Mattel, fabricante das bonecas Barbie e Polly e da linha de miniaturas Hot Wheels, levaram suas plantas depois que o país asiático abriu sua economia.
Marco Aurélio Darciê, diretor da Bumerang Brinquedos, diz que 65% do mercado nacional, que movimenta cerca de US$ 120 milhões por ano, é hoje dominado pelos importados. A abertura comercial brasileira teve início nos anos 90, mas no caso dos brinquedos só ganhou força quando as alíquotas de importação começaram a cair. Eram de 70% em 1996 e recuaram gradualmente até chegar aos atuais 29%.



