As altas temperaturas em Curitiba, desde o início do ano, já apresentam reflexos bem visíveis no comércio. Os produtos mais procurados são aqueles que oferecem "alívio imediato" para o forte calor, como ventiladores, água mineral, sucos e sorvetes. As compras de ventiladores cresceram de 35% a 80% em relação ao verão passado, e já faltam produtos em algumas lojas. O consumo de água em galão está 80% maior, enquanto o movimento de algumas sorveterias dobrou.
"Com o tempo quente o consumidor fica mais inquieto, e consome tudo que possa amenizar os efeitos do calor", diz o consultor de varejo Moacir Moura. O economista Vamberto Santana, da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), afirma que os comerciantes que se prepararam para o verão estão conseguindo aproveitar a boa fase e atender aos pedidos, já que não se trata de um calor fora de época. Mas, em alguns casos, o forte movimento surpreendeu os lojistas.
Na segunda-feira, quando Curitiba viveu seu dia mais quente em 36 anos, a rede varejista Dudony entregou às lojas todos os 300 ventiladores que tinha em estoque. Ontem à tarde, só restavam duas peças na filial da Rua Marechal Deodoro, no centro. A poucos metros dali, funcionários do Magazine Luiza informavam aos clientes que uma nova leva de produtos chegaria somente nesta quarta, ao mesmo tempo em que a loja Salfer vendia os últimos ventiladores de maior porte os estoque de pequenos tinha se esgotado bem antes.
O esvaziamento das lojas encontra amparo nos números. Na rede de hipermercados Extra, o comércio de condicionadores de ar cresceu 21% sobre janeiro de 2005 e o de ventiladores, 35%. O Magazine Luiza, por sua vez, registra crescimento de 30% e 80%, respectivamente, enquanto as Lojas Colombo contabilizam um incremento de 50% no faturamento com refrigeradores.
Segundo a Copel, o aumento no consumo de energia provocado por tanto eletrodoméstico só poderá ser medido no fim do mês. Por enquanto, o certo é que o verão mais intenso criou um segundo pico de consumo durante o dia: além do tradicional, entre 19 e 20 horas, agora existe também uma forte demanda por energia entre 14 e 15 horas.
Quem não pode se refrescar com um condicionador de ar ou um ventilador, alivia o calor do jeito que dá andando com roupas mais leves, por exemplo. Bom para os comerciantes do calçadão da Rua XV de Novembro. Rosicler Seperin, gerente da Nataraja Confecções, conta que a venda de regatas, saias curtas, shorts e tops cresceu 30% em relação a dezembro.
Também no calçadão da XV, o gerente do quiosque Sukinho, Edgar Sato, comemora um aumento de 50% na venda de sucos, sorvetes e água mineral. Ontem à tarde, o grande número de clientes disputando lugar contrastava com a calmaria de um quiosque vizinho que, apesar de contar com ar-condicionado, tinha dificuldade em atrair clientes para tomar café expresso.



