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Estímulo econômico

Versão final de plano de Obama é aprovada

Pacote ficou orçado em US$ 787 bilhões e ainda precisa ser sancionado pelo presidente norte-americano. Para republicanos, projeto só serve para agravar o déficit

A presidente do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata, Steny Hoyer: “empregos, empregos, empregos” | Chip Somodevilla/AFP
A presidente do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata, Steny Hoyer: “empregos, empregos, empregos” (Foto: Chip Somodevilla/AFP)

Washington - Depois de um mês de negociações, votos e desgaste público, a Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados brasileira) dos Estados Unidos aprovou a versão final do pacote de estímulo defendido pelo presidente Barack Obama como uma das ferramentas principais para fazer a economia do país voltar a andar. Ainda na noite de ontem, o Senado deveria fazer o mesmo.

Com isso, Obama pode assinar a medida já neste fim de semana, e os gastos podem começar a ser feitos imediatamente. Não serão poucos: depois de uma oscilação de mais de US$ 100 bilhões, o plano ficou com US$ 787 bilhões a serem gastos nos próximos dez anos. É o equivalente à metade do tamanho da economia brasileira e o suficiente para colocar US$ 2.630 na mão de cada americano, incluídos idosos e crianças.

Só que esse dinheiro não irá para o consumidor, pelo menos não diretamente: do total, 38% irão para ajuda a governos estaduais e locais e programas de assistência à população de baixa renda ou desempregada; 38% responderão por cortes nos impostos pagos principalmente pela classe média; e 24% serão gastos em obras públicas.

Os maiores gastos em cada um desses três grandes grupos serão, respectivamente: US$ 87 bilhões para assistência médica nos estados; US$ 116,2 bilhões de crédito fiscal de US$ 400 e US$ 800 anuais para indivíduos que ganham até US$ 75 mil por ano e casais com renda de até US$ 150 mil anuais, uma promessa de campanha de Obama; e US$ 30 bilhões para a modernização da rede elétrica do país e avanço da indústria do carro movido a eletricidade.

Obama vem reforçando a necessidade do pacote para criar empregos numa economia que viu 20 mil vagas serem fechadas por dia no último mês. O objetivo, vem repetindo o presidente, é criar ou garantir 4 milhões de empregos. O número não é consenso entre analistas. O site econômico Moody’s vê o surgimento de até 2,2 milhões de postos a longo prazo; o Escritório de Orçamento do Congresso estima algo entre 1,3 milhão e 3,9 milhões de vagas.

Sem republicanos

Aprovado ontem na Câmara sem nenhum voto da oposição e com sete desertores do partido do presidente, o Democrata, o plano foi fustigado em todas as instâncias pelo Partido Republicano, que saiu em ofensiva pública para caracterizá-lo como uma extravagância com dinheiro federal. Em sua defesa, Obama passou os últimos dias visitando cidades atingidas pela crise, em eventos públicos onde retomou a retórica de campanha.

A agremiação do ex-presidente George W. Bush afirma que o plano joga o déficit público perigosamente para perto dos US$ 2 trilhões; a atual administração rebate que herdou do republicano um déficit já histórico de US$ 1,2 trilhão. Economistas progressistas como o Nobel Paul Krugman acham mesmo que o gasto aprovado ontem é tímido diante do tamanho da crise.

"Depois de todo esse debate, essa legislação pode ser resumida em uma palavra: empregos’’, disse a democrata Nancy Pelosi, presidente do Congresso, ao anunciar a aprovação. "O que era para ser empregos, empregos, empregos virou gastos, gastos, gastos’’, devolveu o republicano John Boehner, líder da minoria na Câmara.

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