Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Indústria

Vestuário acumula queda de 11% nas vendas em 2014

Setor de confecção do Paraná tem ano ruim com concorrência de produtos chineses e desaquecimento do comércio

Luciana Bechara, da Fiep, diz que o dólar baixo e a alta carga tributária dificultaram a competição com os produtos chineses em 2014 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Luciana Bechara, da Fiep, diz que o dólar baixo e a alta carga tributária dificultaram a competição com os produtos chineses em 2014 (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Depois de quatro anos de índices positivos, a indústria paranaense de vestuário amarga um 2014 com 11% de queda nas vendas no acumulado de janeiro a novembro, em relação ao mesmo período do ano anterior.

INFOGRÁFICO: Veja os índices da indústria de vestuário em 2014

O setor, que hoje emprega cerca de 73 mil trabalhadores diretos, principalmente em polos no interior do estado, enfrentou retração na produção e a forte concorrência de produtos importados da China e outros países asiáticos no ano passado. Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Indústria 2010-2014, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

A empresária Luciana Bechara, presidente do Sindvest Paraná e coordenadora do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Fiep, afirma que o dólar baixo incentivou a importação de produtos asiáticos, que ainda têm o benefício de contar com menos impostos embutidos no valor de venda. "Uma roupa produzida aqui tem 40% de imposto, considerando toda a cadeia. Uma proveniente da China tem 20%", diz.

Além da invasão dos chineses, o setor também encarou em 2014 escassez de mão de obra especializada. "Nós precisamos de mão de obra intensiva, já que praticamente não existem máquinas robotizadas no setor, exceto para corte. Com a escassez, baixamos a produção no último ano. Perdemos produtividade", afirma a empresária.

O economista Roberto Zurcher, da Fiep, relaciona o mau desempenho do ano passado com a situação do comércio e a crise econômica. "Percebemos que, além da queda no setor de vestuário, as vendas de artigos alimentícios de maior valor também diminuíram. Isto aconteceu por conta do aumento de preços de primeira necessidade. Assim sobrou menos para o consumo", diz.

O cenário poderia ser ainda pior caso o setor não fosse favorecido por benefícios fiscais nas esferas estadual e federal, como o regime especial do ICMS (de 12% para 3%), estendido pelo governo do estado até o fim deste ano, e a desoneração permanente da folha de pagamento, com recolhimento de 1%.

Futuro incerto

A perspectiva dos empresários para 2015 é otimista, embora o cenário não seja dos melhores para o consumo neste ano. Segundo Luciana, eles acreditam que a produção interna se fortalecerá com a alta do dólar. "Além disso, achamos que a instabilidade da economia também pode enfraquecer a importação, já que os lojistas vão querer arriscar menos. Nas últimas conversas que tivemos, achamos que podemos crescer 15% em relação a 2014."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.