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Ford quer vender a Volvo Cars

A Ford estuda vender sua participação na Volvo Cars, unidade que produz os veículos de passeio com a marca sueca e que vem dando prejuízo. No fim de semana, o jornal britânico Financial Times mostrou que o governo da Suécia recebeu pedidos de ajuda da Ford e da General Motors, dona da montadora de origem sueca Saab. As duas empresas querem uma injeção de recursos para recuperar as operações no país escandinavo. A venda da Volvo serviria para reforçar o caixa da Ford, que vem tendo perdas enormes no mercado americano e que, juntamente com a GM e a Chrysler, pede a aprovação de um pacote de resgate de US$ 25 bilhões pelo congresso dos Estados Unidos. A Volvo Cars teve prejuízo de US$ 458 milhões no terceiro trimestre e anunciou a demissão de 6 mil funcionários. No Brasil, essa subsidiária da Ford opera apenas com a importação de carros e não tem relação com a montagem de caminhões.

A Volvo dispensou ontem 430 funcionários de sua fábrica na Cidade Industrial de Curitiba. O corte foi feito para ajustar a mão-de-obra a uma baixa no ritmo de produção causada pela crise econômica global. De acordo com a companhia, houve uma queda drástica na demanda externa, principalmente de países europeus e dos Estados Unidos, e já aparece uma desaceleração no mercado doméstico. A estimativa da empresa é que haja uma queda de 20% nas vendas de caminhões no Brasil em 2009.

A multinacional sueca foi a primeira do parque automotivo do Paraná a anunciar uma redução na folha de pagamento. No fim de semana, ela demitiu 100 dos 700 funcionários da fábrica de caminhões para mineração que fica em Pederneiras, no interior do estado de São Paulo. Na unidade curitibana, a companhia empregava 2,8 mil pessoas e fica agora com 2.410 trabalhadores. O número de funcionários está acima, ainda, do registrado no fim de 2007, quando estavam contratadas 2.393 pessoas. Foram dispensados 280 funcionários temporários e 150 efetivos.

As demissões ocorrem poucas semanas após a Volvo registrar seu recorde histórico de produção em Curitiba. Para dar conta da demanda, a companhia teve de aumentar o quadro de pessoal e abriu em agosto um segundo turno para a produção de caminhões. Agora, esse setor volta a operar em apenas um turno, o que faz cair de 79 para 56 o número de caminhões fabricados por dia. A linha de ônibus continuará produzindo 7 unidades por dia. O setor de montagem de cabines passará de três para dois turnos.

Além das dispensas, a Volvo anunciou uma ampliação no período de férias coletivas. Na linha de caminhões pesados, a parada que começa no dia 19 será ampliada de dez para 20 dias. Na de semi-pesados, que tem férias coletivas a partir do dia 8, ela passa de 20 para 30 dias. A companhia também decidiu usar o banco de horas dos funcionários para que o retorno da operação da fábrica seja retardado no início de janeiro.

De acordo com Nelson Silva de Souza, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, o ajuste feito agora deve ser suficiente para que a empresa espere o primeiro trimestre de 2009 para avaliar melhor como ficará o mercado de caminhões. "A Volvo não tem rotatividade grande de mão-de-obra, desde 1997 não acontecia um corte como esse. Então acreditamos que agora ela vai segurar um pouco para ver até onde vai essa crise", pondera Souza.

Retração

A Volvo teve em 2008 um ano excelente, com a fabricação de 12,5 mil caminhões de janeiro a outubro. Esse volume é 45% superior ao do mesmo período de 2007. As vendas internas subiram 36% nos primeiros dez meses, chegando a 8,7 mil unidades, enquanto as exportações aumentaram 70%, para 3,6 mil unidades.

Agora, a companhia projeta uma redução de 80% na exportação de cabines – foram 8 mil unidades neste ano e o segmento não deve passar de 1,6 mil em 2009. A demanda por blocos, exportados para os Estados Unidos, também está em queda livre, segundo a empresa. Para o mercado interno, a Volvo trabalhava até a semana passada com uma estimativa de retração de apenas 10% nas vendas de toda a indústria brasileira de caminhões em 2009. Esse dado foi revisto para 20%. E o ano nem começou.

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