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O presidente da Vulcabras, Milton Cardoso, afirmou nesta terça-feira (21) que a fábrica adquirida pela companhia na cidade indiana de Chennai vai iniciar em agosto a produção de partes dos calçados esportivos fabricados pela empresa.

A Vulcabras detém as marcas Olympikus, Reebok e Azaleia no Brasil e anunciou, em abril, a aquisição da fábrica indiana, que emprega hoje cerca de mil funcionários. "Em dois anos queremos ter 10 mil pessoas trabalhando lá", diz Cardoso.

Segundo ele, as linhas de produção já estão sendo adaptadas para atender a demanda da Vulcabras e quatro executivos brasileiros estão sendo transferidos para a nova fábrica.

A companhia prevê investir cerca de US$ 50 milhões no projeto nos próximos dois anos na fábrica indiana, que será destinada nos primeiros anos à produção de cabedais - parte superior dos tênis feita de tecido, couro e materiais sintéticos – para complementar a produção das outras 28 unidades fabris da companhia localizadas no Brasil e Argentina.

A empresa não descarta produzir calçados inteiros na Índia daqui a cerca de quatro anos, mas segundo Cardoso o objetivo é continuar montando os tênis no Brasil.

A empresa também está de olho no mercado consumidor indiano e tem interesse em vender futuramente à população local os calçados das suas marcas. "Por enquanto é só uma ideia, ainda não há um plano", disse o presidente.

Segundo ele, a decisão de comprar uma fábrica na Índia, foi uma reação à concorrência dos calçados chineses e visa melhorar a competitividade e rentabilidade da empresa.

"Para ser competitivo com esses calçados que estão sendo importados, não há alternativa a não ser produzir em mercados que tenham um custo semelhante", afirma Cardoso.

A Vulcabras emprega atualmente 38 mil pessoas no Brasil. Em 2010, o número de empregados no país chegou a 42 mil. "A intenção com a fábrica na Índia é poder continuar viabilizando as operações no Brasil e conseguir ganhar mercado", diz o executivo.

Produzir na Índia é melhor que na China, diz executivo

Com a redução de parte dos custos, a Vulcabras espera recuperar sua rentabilidade. Segundo Cardoso, a empresa apresentou em 2010 um "quase igual a zero" pela primeira vez em 11 anos.

O executivo, que também comanda a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), afirma que como a Vulcabras outras empresas do setor também já transferiram parte de suas produções para outros países, sobretudo China e América Central.

Sobre a escolha da Índia, o presidente da empresa afirma que, além da mão de obra mais barata, o país oferece juros mais baixos para financiamentos e equipamentos mais baratos. "É melhor que a China. A Índia é uma democracia, um país estável, com judiciário independente, regras que valem e um país voltado ao desenvolvimento", diz Cardoso. Segundo ele, a aquisição foi fechada sem qualquer participação do governo indiano.

Embora parte da produção da Vulcabras esteja sendo transferida para a Índia, a empresa afirma que não pretende reduzir a mão de obra empregada no Brasil. "Não é o nosso objetivo", afirma Cardoso.

O executivo, no entanto, faz uma alerta sobre a perda de competitividade da produção brasileira e afirma que, mantidas as atuais condições, Segundo ele, pode crescer a desindustrialização e a transferência de produção para o exterior.

"Não acho que precisa ser assim, não acho que seja um caminho natural, o Brasil não pode abrir mão do emprego industrial", disse.

Está em vigor desde março uma tarifa antidumping contra o calçado chinês de US$ 13,85 por par, com o objetivo de proteger o mercado local. Segundo empresários do setor, após a medida os chineses começaram a praticar "triangulação" com certificados de origem fraudados. A indústria calçadista pede agora que a sobretaxa seja estendida para outros países asiáticos como Vietnã, Malásia, Indonésia e Hong Kong.

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