
A primeira onda foi o computador pessoal. A segunda, a internet. A terceira é a que acontece hoje, com celulares e smartphones, aparelhos que congregam funções de PC e telefone móvel. E a quarta onda, qual será? Fabricantes e operadoras estão convictos de que ela será representada pela banda larga sem fio, acessível de qualquer lugar e em qualquer tipo de aparelho do computador ao videogame portátil. Para eles, a tecnologia que vai oferecer isso em algum momento dos próximos anos será o WiMax. Foi o que se discutiu na WiMax Brazil Conference & Expo, evento sediado recentemente em São Paulo.
O WiMax ainda não está disseminado por uma série de razões. Apenas no mês passado a União Internacional de Telecomunicações (UIT) o reconheceu e colocou na família de tecnologias IMT-2000, de terceira geração (3G). Mas várias empresas importantes apostam nele.
Hoje, acessar a internet sem problemas e de maneira tranqüila só é possível de casa ou do escritório. A banda larga é pouco disseminada no país (6 milhões de usuários) e anda a passos lentos, pois não é barata. Para acessar a internet da rua, é preciso ir a um cibercafé, usar um laptop com antena wi-fi ou celular, ou encarar um portal WAP no próprio telefone.
O WiMax ampliaria esse leque de possibilidades. Na sua forma mais tradicional, ele funciona como um ponto de acesso wi-fi, só que com alcance de quilômetros e velocidade mais rápida. Assim, uma cidade de pequeno porte poderia ser coberta pela tecnologia e seus moradores teriam acesso automático à internet em aparelhos prontos para a tecnologia, através de modems externos ou caixas conversoras.
Para o usuário, conectar-se à rede seria bem mais fácil algo como ter a banda larga não só em casa, mas na rua também, pagando uma taxa fixa por isso.
Intel, Motorola, Nortel, Brasil Telecom, Alcatel e Sprint são apenas alguns exemplos de companhias que vêm investindo no WiMax. A norte-americana Sprint até criou uma subsidiária para explorar a tecnologia nos Estados Unidos, chamada Xohm, explicou Victor Galvis, diretor da empresa, na conferência. Outras tecnologias de terceira geração como W-CDMA/HSPA (recém-adotada pela Claro em Fortaleza, Recife e Brasília) e CDMA/EV-DO (oferecida pela Vivo em várias cidades, inclusive Curitiba) não deixarão de ser usadas, mas elas foram originalmente criadas para voz.
Tecnologia nativa
Orlando Ruschel, diretor de WiMax da Brasil Telecom, explicou que, quanto mais dados você põe numa dessas tecnologias, pior fica a qualidade de voz, pois os dados não são "nativos" nela. Já o WiMax foi criado em cima do protocolo de internet, tendo por isso vocação natural para levar a banda larga sem fio. Os problemas do WiMax são falta de aparelhos e questões de freqüência e regulamentação. Segundo o secretário do Ministério das Comunicações Roberto Pinto Martins, o governo brasileiro estuda uma licitação para o uso da tecnologia.
As metas que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fixou para as operadoras de telefonia, a fim de garantir o acesso à banda larga para 3.570 municípios em todo o país até 2010, podem representar uma boa nova para a tecnologia. A lógica é a seguinte: para cumprir as regras do órgão regulador, as telefônicas terão de buscar todas as opções disponíveis no mercado e as facilidades e oportunidades oferecidas pelo WiMax têm chances de sobra para conquistar empresas e usuários.



