A economia da zona do euro provavelmente encolheu no quarto trimestre. Uma pesquisa com gerentes de compra dos setores de manufatura e serviços em todo o bloco divulgada ontem indica que a atividade do setor privado recuou em cada um dos três meses do quarto trimestre. Com os governos cortando gastos para conter a dívida pública, isso sugere que a produção econômica geral recuou no período.
Embora o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, calculado pela Markit Economics, tenha avançado em dezembro, subindo para 47,9, de 47,0 em novembro, o dado continuou abaixo da marca de 50,0, o que significa contração da atividade.
Segundo a Markit, o PMI médio no quarto trimestre é o menor desde o segundo trimestre de 2009, "condizente com uma evidente contração na economia da zona do euro", de cerca de 0,6%. E a pesquisa sugere que a produção pode continuar a cair nos primeiros meses de 2012, com o índice de novas encomendas recuando pelo quinto mês seguido, embora em um ritmo menor.
"Os números do PMI de dezembro mostram um quadro desolador. Juntamente com o fato de que os últimos planos para salvar o euro parecem já estar começando a desmoronar, isso sugere que 2012 será um ano muito difícil para a região", comentou Ben May, economista da Capital Economics. Ele prevê que a economia da zona do euro deve registrar uma contração de 1% no ano que vem, embora essa seja uma análise relativamente pessimista, comparada com a maioria das previsões.
O Banco Central Europeu (BCE) acompanha de perto o desempenho do PMI, considerado um confiável indicador da performance da economia. Assim, é possível que o banco decida por um novo afrouxamento na política monetária, após cortar a taxa básica de juros para 1% este mês.
Itália
A Itália está em recessão, afirmou o ministro da Indústria, Corrado Passera, em discurso ontem. Segundo ele, porém, "o país tem fundamentos para começar a falar sobre crescimento". O ministro disse que a crise econômica global "foi criada por um gerenciamento sombrio e inadequado" da situação. As palavras do ministro ecoam as novas previsões para 2012 divulgadas pelo grupo de lobby empresarial Confindustria ontem, apontando que o Produto Interno Bruto (PIB) italiano deve recuar 1,6% no próximo ano. A previsão anterior do grupo era de crescimento de 0,2% em 2012.
O ministro da Indústria afirmou que o crescimento econômico pode vir apenas das próprias companhias. "Se nós não liberarmos as companhias para criarem o crescimento, não há outra maneira", afirmou ele, possivelmente aludindo ao fato de que o governo não tem dinheiro para medidas de estímulo.
Ao mesmo tempo, "a emergência hoje se chama crédito", afirmou Passera, acrescentando que as novas exigências de capital da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) são uma medida "destituída de sabedoria". Mais cedo nesta semana, a EBA informou que os bancos europeus necessitarão de um total de 114,7 bilhões de euros em capital novo para atingir as novas exigências mínimas de capital.



