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O filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez | Gilberto Abelha/Arquivo Gazeta do Povo
O filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez| Foto: Gilberto Abelha/Arquivo Gazeta do Povo

O recém-escolhido para o cargo de ministro da Educação de Bolsonaro, o filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, é um ferrenho crítico do marxismo, do PT, das ideias do italiano Antonio Gramsci e do pernambucano Paulo Freire. No blog intitulado “Rocinante”, alusão ao cavalo do personagem Dom Quixote, de Cervantes, ele se dedica há anos a publicar suas ideias sobre tudo, entre ensaios e artigos. 

Confira abaixo algumas das ideias de Vélez Rodríguez. Também é possível ler alguns dos seus livros on-line, no site do Instituto Humanidades“O Liberalismo Francês – A Tradição Doutrinária e a sua Influência no Brasil” (2002); “Violência, Narcotráfico e Terrorismo na América Latina” (2008); “Tocqueville: Libertad y Democracia” (2012); “Pensadores Portugueses” (Séculos 19 e 20) (2015) e “O Republicanismo Brasileiro” (2015).

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1) Golpe de 1964 deve ser comemorado

Para Vélez Rodríguez, a tomada do poder pelos militares em 1964, que perdurou por 20 anos, foi essencial para a abertura democrática do Brasil. Em texto publicado em 1º. de abril de 2017, o filósofo afirmou que “é patriótico e necessário recordar” o golpe de 1964.

“64, vale sim afirmá-lo, nos livrou do comunismo. Nos poupou os rios de sangue causados pelas guerrilhas totalitárias que, na Colômbia, por exemplo, no conflito que ora se encerra, ceifou mais de 300 mil vidas e obrigou a sair do país a mais de 5 milhões de colombianos, no longo período que vai de 1948 até os dias atuais. Não tivessem os militares brasileiros agido com força para desmantelar a ‘República do Araguaia’, teríamos tido o nosso ‘Caguán’ (o território ‘livre’ do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, situado no coração da Colômbia e a partir do qual as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] chegaram quase a balcanizar o país vizinho).

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2) Menos Brasília, mais Brasil

descentralização da educação, dando mais poder de decisão aos municípios e transformando a União e estados em auxiliadores das prefeituras, é uma aposta de Vélez Rodríguez. Segundo ele, a medida deve livrar o ensino da hegemonia comunista, de uma “casta” que não traduzia “os anseios da classe média”.

“Essa tarefa de refundação passa por um passo muito simples: enquadrar o MEC no contexto da valorização da educação para a vida e a cidadania a partir dos municípios, que é onde os cidadãos realmente vivem. Acontece que a proliferação de leis e regulamentos sufocou, nas últimas décadas, a vida cidadã, tornando os brasileiros reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista, travestida de ‘revolução cultural gramsciana’, com toda a coorte de invenções deletérias em matéria pedagógica como a educação de gênero, a dialética do ‘nós contra eles’ e uma reescrita da história em função dos interesses dos denominados ‘intelectuais orgânicos’, destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma, do patriotismo”.

3) O globalismo, ideologia de gênero e Enem menos doutrinador

O professor colombiano vê a ideologia de gênero como uma “maluquice”, um “crime contra as nossas famílias”.

“Contra o globalismo politicamente correto que adotou a maluca proposta da ‘educação de gênero’ devemos nos erguer com persistência. Essa maluquice, esse crime contra as nossas famílias, não pode prosperar no Brasil.”

Contra a ideologia de gênero e a favor do livre mercado, o novo ministro defende alterações profundas no Enem. Para ele, as provas do exame são mais “instrumentos de ideologização” do que “meios sensatos para auferir a capacitação dos jovens no sistema de ensino”.

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4) Escola sem Partido, uma providência fundamental

Para Vélez Rodríguez, o projeto do Escola sem Partido, que tenta aprovar uma proposta na Câmara dos Deputados para coibir “doutrinação partidária em sala de aula” e o ensino da ideologia de gênero é uma medida fundamental para o país.

“Chega de totalitarismo! O Brasil precisa do oxigênio da liberdade para dar vazão aos seus anseios. O que a sociedade brasileira quer é paz, tranquilidade, respeito aos valores tradicionais da família e da religião, tolerância, trabalho e ordem. Queremos Escola sem partido”.

Em 5 de setembro, escreveu: 

“Escola sem partido. Esta é uma providência fundamental. O mundo de hoje está submetido, todos sabemos, à tentação totalitária, decorrente de o Estado ocupar todos os espaços, o que tornaria praticamente impossível o exercício da liberdade por parte dos indivíduos. É o velho princípio escolástico da ‘subsidiariedade’, que devemos defender hoje. Ao Estado compete prover aquilo que não pode ser garantido, no convívio social, pelos corpos intermediários.”

5) Conselhos de Ética nas escolas e menos aparelhamento

Uma das saídas para a “educação moral dos alunos”, na opinião do futuro ministro, seria a implementação de “Conselhos de Ética nas escolas”. “Não se trata de comitês de moralismo, nem de juntas de censura. Trata-se de institucionalizar a reflexão sobre matérias éticas e acerca da forma em que cada escola está correspondendo a essa exigência.”

Ele também defende a meritocracia e o veto à contratação de “amigos” ou afinados ideológicos para cargos em estrutura de governo. 

No texto “Trapalhadas Inconstitucionais”, publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”, em 13 de janeiro de 2010, Vélez Rodríguez denuncia “aparelhamento do Estado em todas as suas esferas, ministérios, estatais e autarquias com companheiros e aliados sindicalistas, mesmo que não tenham qualquer competência para o cargo que estão assumindo”, feito pelo PT. Para ele, essas e outras atitudes comprometiam a vida democrática brasileira.

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