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Escola  para meninas na Inglaterra: as melhores notas nos rankings internacionais | St George’s School for Girls/Facebook
Escola para meninas na Inglaterra: as melhores notas nos rankings internacionais| Foto: St George’s School for Girls/Facebook

O número de escolas separadas entre meninos e meninas cresce no mundo. Um levantamento da Associação Europeia de Educação Diferenciada, em cerca de 70 países, identificou a existência de pelo menos 240 mil escolas e 47 milhões de alunos. 

Ao contrário do que acontece no Brasil, segundo a Easse, a maioria dessas escolas em outros países não está vinculada a igrejas ou outras organizações religiosas, mas surgiu por um interesse acadêmico: os alunos de escolas só para meninas ou só para meninos alcançaram resultados excelentes, principalmente nas instituições dos Estados Unidos e na Inglaterra.

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A neurociência explica boa parte das boas notas. “O que as pesquisas mostram é que a diferença sexual cerebral faz com que meninos e meninas sejam diferentes quanto ao comportamento, formas de socialização e reações diante de idênticos estímulos”, explica Dora Porto, Master em Matrimonio e Família pelo Instituto de Ciências para a Família da Universidade de Navarra, na Espanha. Por isso, afirma, separá-los, ajuda a potencializar as características positivas de cada um.

Essas diferenças aparecem nas fases de desenvolvimento físico e intelectual, na linguagem e no processo de amadurecimento. “Toda a performance masculina difere da feminina, sobretudo na faixa etária dos cinco aos 18 anos”, explica , Lélia Cristina de Melo psicóloga clínica, especializada em Educação Especial, Neuropsicologia e Desenvolvimento Pessoal e Familiar. 

Lélia de Melo observa que educação “single-sex” (só para meninos ou só para meninas) é muitas vezes marcada pela presença de professoras na sala das meninas e de professores em turmas de meninos. “Atendendo ao perfil das salas, as professoras usarão mais palavras para explicar os conteúdos, o que favorece a aprendizagem das alunas. Para os meninos, sendo os professores homens, estes se utilizam de menos palavras para explicar os conteúdos de forma mais sintética, o que é mais eficaz no caso dos alunos”.

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A especialista ressalta a importância do pluralismo de opções quando se observa o mapa para a Educação de uma forma global. “Nenhum modelo educativo é ruim”, frisa, observando, no entanto, que pesquisas mostram que “o modelo single sex está em vantagem, por ser mais completo”. 

Lélia enfatiza que desprezar essas diferenças “não seria justo para com os alunos, pois, ao encobri-las, não se potencializa as capacidades de cada sexo”. O ensino na educação “single-sex” não é uniformizado, é personalizado, lembra ela.

* Confira 6 vantagens e 1 desvantagem apontadas pelas educadoras na educação “single-sex”:

1. Desinibição em sala – Eles e elas não têm inibição para perguntar e comentar sobre os conteúdos ditos “masculinos” e “femininos”. Nas disciplinas de Exatas, em que, de modo geral, os meninos dominam melhor, as garotas podem se sair muito bem por se sentirem confortáveis entre as colegas e da professora do sexo feminino, que explica e reexplica em linguagem que atende às necessidades cognitivas das alunas. O mesmo acontece com os meninos em relação às disciplinas de Literatura, Português, Artes e Teatro, por exemplo, ditas “femininas”, nas quais eles se sentem mais à vontade e seguros para perguntar se estiverem entre os colegas. Isso porque, de modo geral, sentem-se no mesmo nível da sala. Não há uma discrepância significativa entre as capacidades e os interesses. As diferenças que existem são individuais.

2. Homogeneidade da turma – A linguagem, os recursos e o estilo feminino e o masculino, natural do professor ou professora, atingem com mais eficiência cada aluno. Por exemplo: Meninas gostam mais de atividades grupais colaborativas. Já os meninos se saem melhor em atividades de equipe competitivas. São peculiaridades que contribuem para o melhor desempenho. 

3. Treinamento focado – A sala só de meninas ou só de meninos possibilita treiná-los em áreas em que possam ter mais dificuldade em função do gênero, e que precisariam avançar. Exemplo: elas seriam treinadas para escreverem textos mais objetivos e com ideias concisas. E eles poderiam ser treinados para detalhar um pouco mais uma dissertação. 

4. Menos distrações – Pelas pesquisas, sabe-se que em salas homogêneas há menos problemas de disciplina e de distrações, assim como menos inibição. Isso faz aumentar a qualidade da apreensão de conteúdo e a participação nas aulas. As alunas são mais centradas e aplicadas, no geral. Os meninos são mais motores, movimentam-se mais. São dois perfis diferentes, o que pode gerar um algum conflito em salas mistas, difícil de administrar.

5. Adaptação às diferenças de aprendizado – Meninas iniciam o processo de alfabetização antes dos meninos. Compreendem melhor a leitura e a escrita a partir dos cinco anos. Já os meninos vão apreender com mais eficácia este processo alguns meses mais tarde. Em turmas separadas por sexo, professores podem seguir melhor o ritmo de cada um.

6. Respeito às etapas de amadurecimento – Outra diferença etária se dá entre os dez e os 13 anos: elas se desenvolvem mais rapidamente e eles, entre os 14 e os 17. Há aí uma significativa discrepância em sala de aula referente ao desenvolvimento. Esse desenvolvimento está ligado à maturidade no âmbito psicossocial e cognitivo. Elas compreendem melhor as situações, são mais disciplinadas, concentradas e amadurecidas. Os meninos nesse momento, se comparados, são menos amadurecidos, mais turbulentos e menos comprometidos. Passada essa fase, os garotos tiram esse “atraso” e passam a se sair muito bem. Aulas mistas, nesta fase, sem acompanhamento especializado do professor, podem trazer dificuldades de aprendizagem para eles e para elas.

Desvantagem – Caso não se cuide da educação interpessoal nesses colégios, os defeitos próprios de cada sexo ficarão muito evidenciados, se exacerbam. As meninas tendem a gerar intrigas, fofocas, ciúmes e “panelinhas”. Os meninos tendem a ter mais agressividade física, impulsividade e agitação. Para isso, um programa de educação preventiva, baseado em virtudes da convivência, contribui para a eficácia da proposta.

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