
Desde a implantação dos sistemas de avaliação do ensino, como o Exame Nacional do Ensino Médio Prova Brasil, muitas são as polêmicas acerca da qualidade da educação brasileira. A divulgação recente dos resultados do Enem ainda fortaleceu certos questionamentos e provocou a sociedade para refletir sobre a quantas anda ao ensino no país. Fala-se em desigualdade socioeconômica, metodologias de avaliação equivocadas, depreciação da profissão do professor, elitização e segregação de alunos, entre outros aspectos. A intenção aqui não é a de tratar dessas questões; mas de pensar um pouco sobre um novo conceito de ensino e aprendizagem.
Desde a década de 80 quando as questões sobre a alfabetização plena começou a ser pauta frequente da educação podemos afirmar que há mudança de percepção sobre o que é o ensino brasileiro, e a própria existência de questionamentos da mídia e sociedade civil já é prova disso. Percebe-se uma movimentação. O ensino tradicional, curricular e conteudista já não é mais suficiente, se o objetivo é a formação integral do cidadão. Integral, no sentido de não formar apenas para as questões escolares, mas para a vida. É importante que o compromisso da educação não esteja pautado em elevar os índices das avaliações, mas em preparar indivíduos capazes de entender a sua realidade e nela interferir.
O caminho é longo, mas possível de ser traçado. Estamos falando de um caminho para uma educação crítica e contextualizada, presente desde os anos iniciais do Ensino Fundamental. Inserir nas aulas elementos pedagógicos que deem maior significado ao ensino e à aprendizagem já é um passo importante nessa mudança. Nesse caso, programas que aliam mídia e educação como o projeto Ler e Pensar, idealizado pela Gazeta do Povo podem auxiliar a contextualização das informações na realidade social e facilitar o entendimento global. Discutir sobre a atualidade e articular questões culturais, sociais, econômicas e políticas com conteúdo escolar trazem resultados significativos para o desenvolvimento cognitivo e, portanto, para a formação de um leitor crítico, participativo e atuante em sociedade.
Ranking
Sim, o ranking das melhores escolas avaliadas pelo Enem é questionável. Mas o problema está no que fazemos com essas avaliações. Antes de tudo, elas devem ser instrumentos que meçam novas formas de se construir conhecimento. Devem avaliar o esforço que cada aluno e cada escola fizeram no desenvolvimento e na qualidade da educação; não servir como simples sistema classificatório e competitivo entre escolas. O ranking, além disso, também pode ser ponto de partida para entendermos as melhorias desses desempenhos. Para conseguir aprimorar suas notas no ano seguinte, é preciso aprimorar também sua estrutura de ensino.




