Sensibilizado com a realidade de uma comunidade ribeirinha no Amapá, um estudante de uma escola pública busca mudar, através da ciência, a vida dos habitantes daquele lugar, que apesar de estarem às margens da foz rio Araguari, sofrem com influência do mar que provoca a salinação da água.
A comunidade afetada com o problema é chamada de Sucuriju, distrito do município de Amapá, interior do estado homônimo à cidade. Para chegar lá, o caminho é feito exclusivamente por rios.
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São dez horas da capital, Macapá, até um arquipélago mais próximo. De lá, são mais nove horas até avistar as primeiras casas entre o rio Araguari e o Oceano Atlântico. Esse é o percurso trabalhado pelo Corpo de Bombeiros, responsável por levar água doce até os quase mil habitantes de Sucuriju.
Primeiros passos
Caio Vinícius, de 16 anos, após saber da realidade da comunidade, começou a pesquisar como poderia auxiliar as pessoas a fazer a dessalinização da água captada do rio. Toda a ideia foi concebida e desenvolvida na escola estadual Santina Rioli, na capital do estado, Macapá.
A proposta é baseada em um protótipo feito com materiais reaproveitáveis. Para confeccioná-lo, são necessários apenas um recipiente inox, vidro, mangueiras, baldes e espelho. Também é preciso um painel solar, caso seja necessário acelerar o processo.
A retirada do sal da água acontece basicamente através da temperatura solar. O primeiro passo para a construção do dessalinizador é fazer uma caixa de vidro em formato no meio do recipiente inox, rodeada de espelhos. Sendo assim, a água é colocada dentro dessa espaço de vidro.
Já as placas de espelhos existentes ao redor são responsáveis por aumentar a temperatura da água até que ocorra a transformação do estado líquido para gasoso. Após isso, duas mangueiras captam a água proveniente do vapor.
Dificuldades
Na prática, a ideia funcionou bem. No entanto, o estudante enfrentou dificuldades para atestar cientificamente que a água encontrava-se própria para consumo humano.
“Pensando na situação da vila, criei o protótipo com intenção de suprir essa necessidade [de ter água doce para consumo]. A dificuldade inicial era conseguir resultados que atestassem a qualidade para consumo, porque no Amapá não existem laboratórios específicos”, lembra.
O professor orientador do projeto, Aldenir Melo, também recorda outro desafio: o próprio clima. Mesmo em um estado onde a média de temperatura chega facilmente aos 30ºC diariamente, dias de chuvas intensas atrapalham a execução da ideia.
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Além disso, o protótipo foi aprimorado até que chegasse ao uso de energia solar. Antes, a intenção era utilizar gás ou madeira para esquentar a água, itens barrados por questões financeiras e ambientais.
Cada protótipo é capaz de dessalinizar um litro de água em um dia. O próximo passo é aumentar a capacidade de água e diminuir o tempo gasto durante todo o processo.
Caio Vinícius conta que a pretende levar a ideia para Sucuriju o quanto antes:
A intenção é aliar a iniciativas do poder público para difundir o projeto na comunidade.
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