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Olimpíadas escolares

Atletas focados no conhecimento

As medalhas ficam em segundo plano nas competições. O aprendizado adquirido com os desafios vale o empenho dos estudantes

Leonardo Chiquita, 17 anos, participa das olimpíadas de Matemática e Química e é o atual campeão estadual na competição de Física | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Leonardo Chiquita, 17 anos, participa das olimpíadas de Matemática e Química e é o atual campeão estadual na competição de Física (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Ana Letícia de Lima Santos, estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Positivo |

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Ana Letícia de Lima Santos, estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Positivo

Alunos interessados pelas aulas, que se destacam entre os colegas e apresentam pensamento crítico são vistos por professores – ou "garimpeiros de talentos" – como atletas potenciais de olimpíadas do conhecimento. Essas competições costumam ser divididas em locais, regionais, nacionais e internacionais e são voltadas para estudantes do ensino fundamental ou médio e até universitários. Entre os objetivos dos jogos estão o incentivo aos estudos, o envolvimento com as áreas de cada uma e a formação de futuros grandes pesquisadores.

Inicialmente, as olimpíadas concentravam-se em poucas áreas, como a pioneira Matemática, mas hoje há disputas para todos os gostos, da Astronomia à Linguística. O que é cobrado também varia. Enquanto alguns alunos são submetidos a debates ou provas teóricas, outros fazem experiências ou apresentam trabalhos práticos.

Os estudantes valorizam a medalha ou o diploma conquistados, mas a coordenadora pedagógica do Colégio Dom Bosco, Samira Dib, lembra que os ganhos são mais amplos. Há o acesso a outras culturas e a troca de conhecimento entre estudantes de outros estados ou países, por exemplo. "É um desafio para eles. Quando motivamos, eles mesmos buscam as informações e querem participar", comenta.

Perfil

Entre os participantes, uma minoria se inscreve nas olimpíadas apenas para competir. Esses acabam desistindo no meio do caminho, segundo o matemático e coordenador psicopedagógico do ensino médio do Colégio Marista Paranaense, Marco Boin. Segundo ele, é possível traçar um perfil do "atleta" dedicado a competições de conhecimento.

"Os estudantes já têm provas nas escolas. Para o aluno passar o fim de semana fazendo prova de olimpíada é porque ele tem um pensamento diferente. Está buscando mais, como um aluno que costuma pedir para mim indicação de estudo para as férias", diz. Boin se refere ao estudante do 3.º ano do ensino médio Leonardo Gonçalves Chiquita, 17 anos, que recentemente foi campeão da Olimpíada Paranaense de Física e está classificado para a etapa nacional.

O garoto ficou curioso quando ouviu falar da competição no 1.º ano do ensino médio e, sem muita pretensão, resolveu participar. Não teve bom desempenho na primeira vez e ficou em 5.º lugar no ano passado. "Depois disso passei a estudar, mas não para a olimpíada. Estudo Física de uma forma geral. No começo, quando aprendemos a base da disciplina, é mais chatinho; agora está muito interessante. A gente começa a entender muito do mundo. A Física está em tudo", comenta.

Assim como participa das provas de Física, Leonar­do também encara as olim­pía­das de Química e de Ma­te­mática. Ele vê nisso um pre­paro e tanto para garantir uma vaga no Instituto Tecno­lógico de Aeronáutica (ITA), onde pretende estudar Engenharia Aeronáutica.

VariedadeCompetições envolvem professores e nem sempre dão prêmios

Na Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, a competição entre os alunos ocorre em anos pares e, nas outras épocas, professores da rede pública são convidados a participar de oficinas. Alguns docentes são selecionados pelas secretarias estaduais para a formação presencial e os outros podem acompanhar aulas a distância.

"A olimpíada faz parte de um conjunto de ações que não se restringe apenas à avaliação do texto. Todos os anos, o Ministério da Educação envia materiais direcionados para as escolas, independentemente de elas participarem do projeto", conta Edilson Krupek, professor de Língua Portuguesa e técnico do Departamento de Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação (Seed).

Sem premiação

As olimpíadas costumam ser promovidas por universidades ou com o apoio delas, como é o caso da de Filosofia. Trata-se de um desafio diferente, sem ganhadores ou perdedores. O evento é pensado a partir dos conteúdos estruturantes das diretrizes curriculares do ensino médio e estimula a produção de um vídeo de 15 minutos sobre um veículo midiático.

É uma prova com caráter de socialização, segundo Geraldo Balduino Horn, coordenador da Olimpíada de Filosofia. Não há ranking entre os alunos, que recebem certificado e concorrem a sorteios de grandes obras da Filosofia. "É impressionante ver a alegria deles durante as apresentações. São alunos que têm participação ativa e vontade de expor seus trabalhos", conta.

DepoimentoBom desempenho em olimpíada definiu a carreira a ser seguida

Lislei Vendas Urban de Oliveira, 25 anos, engenheira elétrica da Petrobrás em Macaé (RJ)

Sempre gostei de Matemática e meus professores sempre me incentivaram a participar de competições. Participei de Olimpíadas Brasileiras de Matemática (OBM) desde a 5.ª série do ensino fundamental. Fui primeiro lugar em 2005, quando estava no 3.º ano do ensino médio e disputei a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Além da medalha de ouro, ganhei uma bolsa de estudos de um ano para participar de um curso ministrado por professores universitários. Também viajei ao Rio de Janeiro, fiz uma visita ao Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada e assisti a palestras de professores renomados. Foi muito legal encontrar autores de livros de Matemática que estudamos na escola! Com certeza, isso foi um estímulo para eu seguir na área das Exatas e me dedicar ao estudo contínuo. Diante de toda essa experiência, foi interessante perceber que havia vários alunos inteligentíssimos vindos de cidades sem uma educação de excelência e que não tinham perspectivas de vida. A Obmep os "descobriu" e abriu um leque de oportunidade para eles. Esse é justamente um dos objetivos da olimpíada: dar chances para todos desenvolverem seu potencial.

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