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Educação

Burocracia emperra novas obras na UFPR

Universidade já recebeu R$ 52 milhões de programa federal para reestruturação. Mas falta de funcionários administrativos entrava execução de reformas

Laboratório de Design: vidros quebrados, tubulação entupida e invasão de pombos dificultam trabalho de alunos | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Laboratório de Design: vidros quebrados, tubulação entupida e invasão de pombos dificultam trabalho de alunos (Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo)

Desde o ano passado, a Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) investiu quase 21% dos R$ 250 milhões do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) previstos até 2012. Foram R$ 52 milhões executados até agora, sendo R$ 27,5 milhões apenas em obras e equipamentos. A universidade ainda tem mais R$ 13 milhões para investir até o fim do ano, já que o orçamento do Reuni para a UFPR prevê o repasse de R$ 65 milhões no biênio 2008/09. Apesar do investimento, os estudantes afirmam que até agora pouco viram de resultado do programa.

O reitor Zaki Akel Sobrinho reconhece que o grosso do investimento ainda não foi feito. Ele afirma que há dinheiro para a execução de obras. Mas as dificuldades administrativas atrasam a aplicação do recurso. "O volume de processos de licitação é muito grande e temos apenas sete procuradores federais para fazer a avaliação, que deve ser nos mínimos detalhes. Nosso quadro de técnicos administrativos também é insuficiente. Por isso estamos na ex­­pectativa da contratação de mais 100 ou 200 servidores", explica o reitor. Com esses servidores a mais, acredita Akel, os investimentos tendem a deslanchar em 2010.

Enquanto esse nó não é desatado, os estudantes protestam para obter melhorias. No fim de outubro, alunos de Design protestaram no câmpus da Reitoria para mostrar o abandono do ateliê de criação. No começo de no­­vembro, acadêmicos de Me­­dicina partiram em passeata do Hospital de Clínicas até o Prédio Histórico da Santos Andrade tam­­­­bém exigindo melhorias. Em setembro, alunos de En­­genharia Mecânica já haviam reclamado das constantes inundações no Laboratório de Metro­­logia Científica In­­dus­­trial.

Na Medicina, o principal problema está na disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Ex­­pe­­rimental. Emerson Bres­­sane, tesoureiro do Diretório Acadê­­mico de Medicina, afirma que os alunos são obrigados a comprar desde materiais básicos, como álcool e lâminas de laboratório, até equipamentos caros, como o oftalmoscópio, usado para exame de fundo de olhos e que custa entre R$ 300 e R$ 1,2 mil. "Uma pessoa de renda mais baixa não tem como se manter no curso com esses custos", ressalta Bressane.

Na disciplina de Anatomia, a reclamação é de que os poucos cadáveres estão deteriorados. "Há músculos que não conseguimos ver de tão deteriorado que está o corpo. Temos de acreditar que eles existem", relata o estudante Rafael Garcia, também membro do diretório acadêmico.

Tanto Bressane como Garcia se dizem favoráveis à expansão de vagas do Reuni. Mas, para eles, o investimento em infraestrutura não tem ocorrido na mesma proporção. Como exemplo, os dois citam o próprio caso dos corpos usados nas aulas. Com o surgimento do curso de Biomedicina, cuja primeira turma ingressou neste ano na UFPR, a relação ficou de 17 alunos por corpo (incluindo estudantes de todas as graduações da Saúde). Antes, a relação era de 13 alunos por corpo – que já era alta, uma vez que a Organização Mun­dial de Saúde recomenda 10 alunos por corpo. "Do jeito que está sendo implantado até agora, o Reuni na verdade tem prejudicado a qualidade de ensino", comenta Bressane.

Design

No curso de Design, o presidente do diretório acadêmico, Guilherme Raldi Storck, afirma que desde o começo do ano está aprovada uma verba emergencial do Reuni que deveria ter sido aplicada em agosto na reforma do ateliê no último andar do edifício Dom Pedro I, no câmpus da Reitoria. Com o atraso da reforma, em outubro os alunos decidiram se manifestar e passar de sala em sala no câmpus da reitoria mostrando o problema. Após a manifestação, houve uma reunião com a reitoria, na qual ficou acordado que a reforma começará em janeiro, com conclusão em maio.

O estúdio, onde os alunos deveriam produzir peças de madeira, papel e cerâmica, além de protótipos e modelagens para produtos, está interditado há um ano e meio por falta de condições de uso. A área de 350 metros quadrados está abandonada, com infiltrações, vidros quebrados, invasão de pombos e tubulação de água entupida. "Se abrirmos a torneira, é capaz de entupir a tubulação de todo o prédio. O problema não é mais só do curso de Design", diz Storck.

Sem poder usar o ateliê, os alunos improvisam, inclusive fazendo trabalhos nos corredores. "Para serrar madeira no formato necessário dos projetos, os alunos são obrigados a recorrer a madeireiras", ilustra o presidente do diretório acadêmico.

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