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Redação

Com diploma e sem português

Prova do Enade expõe a falta de domínio da escrita e de regras básicas da língua portuguesa por parte dos universitários

 | Ilustração/ Benett
(Foto: Ilustração/ Benett)

Não é apenas no Exame Na­­cio­­nal do Ensino Médio (Enem) que os estudantes cometem erros absurdos de ortografia. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), alunos que estão se formando no ensino superior cometem desvios tão ou mais graves como "egnorancia", "precarea" e "bule" (bullying).

Esses e outros exemplos foram repassados por uma corretora do Enade 2012, que avaliou concluintes de cursos como Direito, Comunicação Social, Administração, Ciên­­cias Econômicas, Relações In­­ternacionais e Psicologia. O material foi entregue pessoalmente, mas, por ter assinado contrato de sigilo com o Ministério da Educação (MEC), a professora não pode ser identificada.

Em dez respostas a uma questão discursiva sobre violência, há erros, sobretudo, de estrutura frasal, imprecisão vocabular e fragmentação de sentido. O enunciado pedia que, a partir da análise de charges e da definição de violência formulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o candidato redigisse um texto sobre a violência atual, contemplando três aspectos: tecnologia e violência; causas e consequências da violência na escola; e proposta de solução para a violência na escola.

Um formando escreveu: "A violencia e causada muitas vezes pela falta de cultura e pela egnorancia dos seres humanos, cuja a tecnologia sao duas grandes preocupação para a sociedade, causando violencia nas escolas". Outro estudante respondeu: "As escolas tem que orienta e ajuda estas crianças que são violêntas e pratica o bule por enquanto são crianças por que só assim elas terão chacer de melhora e ser uma pessoa melhor e mas calma".

"Os critérios são benevolentes, mandam não pesar a mão para manter média 5. Precisa se dar à opinião pública a ideia de que o ensino está melhorando. Mas não está. As faculdades formam profissionais analfabetos funcionais. Esse é o final do filme", diz a corretora.

Avaliação

Em nota, o Instituto Na­­cional de Pesquisas Edu­­ca­­cio­­nais Anisio Teixeira (Inep) rebate com veemência as críticas, afirmando que "são completamente infundadas as suspeições levantadas pela suposta corretora de que ocorreu orientação para ‘aliviar’ nas correções". De acordo com o órgão, responsável pela aplicação da prova, "isso não acontece, nem aconteceu, no Enade, Enem, ou em qualquer outro exame sob responsabilidade do Inep/MEC". O comunicado esclarece ainda que quaisquer erros tão grosseiros como os citados nesta reportagem certamente teriam "baixíssima avaliação".

Segundo o Inep, as correções do Enade 2012 são feitas por bancas constituídas de um professor doutor como presidente e membros com titulação de doutorado ou mestrado vinculados há, pelo menos, cinco anos em instituições de ensino superior.

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