
Começar o ano com aulas de reforço escolar, antes mesmo dos resultados das primeiras notas, parece estranho, mas tem se tornado mais comum, principalmente em casos de alunos com histórico de dificuldade em uma determinada matéria. É a situação de Rafael Genevro Bueno, de 14 anos. No ano passado, quando fazia a 7ª série, o garoto teve baixo desempenho em Matemática.
Para resolver o problema, ele começou a ter aulas particulares em agosto e conseguiu passar para a 8ª série. Mas este ano, a mãe do menino, a administradora Liziane Genevro, quer que ele comece as sessões de reforço ainda neste mês. "O Rafael não aceita muito bem a Matemática. Nas aulas particulares a professora percebeu essa situação negativa e conseguiu desenvolver a matéria, incentivando-o de maneiras diferentes da professora de sala de aula", explica a mãe. E o próprio Rafael admite o bem que as duas horas semanais extras fizeram a ele. "Eu comecei a me entender mais com a disciplina, a gostar da matéria e das aulas na escola."
De acordo com a supervisora de 5ª a 8ª séries do Colégio Nossa Senhora de Sion, Ilda Maria Heller, normalmente pais de crianças que têm algum distúrbio psicopedagógico, como o déficit de atenção, optam por aulas extraclasse para que seus filhos tenham um acompanhamento personalizado. Isso não significa que esses alunos têm problemas, mas sim que eles precisam de mais atenção agora para que no futuro não apresentem falhas no entendimento de uma determinada disciplina.
A professora Tatiana Fernandes Meireles, que dá aulas de Matemática para o ensino médio na escola e de reforço para alunos do ensino fundamental, atesta a melhora no desempenho dos adolescentes que fazem aulas particulares desde o início do ano. "Tive o caso de uma aluna com muita dificuldade na 6ª série. Ela, em 2008, foi para a 7ª e fez aula de reforço desde o início do ano letivo, uma vez por semana, e não teve mais problemas", diz.
Confiança
Outra boa razão para a contratação dessas aulas extracurriculares é a de dar à criança a chance de recuperar a autoestima que pode ter sido comprometida ao longo de anos. Um detalhe que tenha ficado malresolvido ainda nos primeiros anos do ensino fundamental pode prejudicar toda a compreensão de uma matéria mais complicada à frente. "Com o acompanhamento regular, resgata-se a autoestima dessa criança. Ela vê que tem condições de aprender", diz Eumira Bohatch Batista, sócia-diretora da In Domus, empresa especializada em promoção de cursos em empresas ou em domicílio.
O diretor-geral do Colégio Martinus, João Francisco Lopes de Lima, ressalta que a aula particular é uma opção dos pais. Para ele, a responsabilidade da aprendizagem do aluno é da escola, portanto, não deveria haver a necessidade da contratação de mais um professor. "É claro que existem situações em que esse trabalho supletivo pode ser útil, como no caso de alunos que passaram por dificuldades e precisam de um aporte. Ou o aluno trocou de escola e a família assume essa reposição de conteúdo", diz Lopes de Lima.



