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Ambientação de “Contra a Maré”, na região de Mata Atlântica, contribui para mostrar as possibilidades da desescolarização. | Divulgação.
Ambientação de “Contra a Maré”, na região de Mata Atlântica, contribui para mostrar as possibilidades da desescolarização.| Foto: Divulgação.

Com a defasagem do sistema de ensino tradicional, um dos movimentos na contramão das escolas é a desescolarização: o modelo, que consiste na retirada de crianças das escolas para serem educadas pelas próprias famílias, é diferente da educação domiciliar ou homeschooling porque foge às regras tradicionais da vida escolar – além de não seguir uma grade curricular.

Esse é o tema do documentário “Contra a Maré”, lançado em 11 de dezembro pela produtora La Casa de la Madre. O curta-metragem retrata a história de Cauê “Batata”, de 9 anos, que vive em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, e é educado pela sua mãe, Déborah Gérbera. 

“O conceito de desescolarização nos mostra que existem outros caminhos para a aprendizagem, bem como para a forma como escolhemos viver. O caso desta família que retratamos é exemplo disso. O fato de Débora e Cauê viverem no litoral Paulistano, na Mata Atlântica, em permanente contato com a natureza, são motivos suficientes para explorar essa estética na forma de vida”, aponta André Chitas, um dos diretores do documentário. 

O documentário busca mostrar novas alternativas educacionais e questionar o modelo escolar tradicional, apresentando os benefícios da adoção do modelo de desescolarização. 

“Queremos mostrar que existem alternativas, mesmo que a pessoa não necessariamente vá seguir a desescolarização, mas queremos também mostrar que existem e que podem ser aplicadas outras metodologias de ensino já que a criança é um indivíduo único”, completa André Castilho, também diretor do documentário.  

Possibilidades 

A ambientação de “Contra a Maré”, na região de Mata Atlântica no litoral norte de São Paulo, contribui para mostrar as possibilidades da desescolarização: o ambiente ajuda a construir o aprendizado de botânica recebido por Cauê, além das aulas de fotografia ensinadas pela mãe. 

“No começo me sentia insegura e tinha intenção de preencher todo currículo escolar dele. Mas, o que ele me traz de curiosidade abrange além”, declara a mãe do garoto no documentário. 

Com mais de 5.000 adeptos no Brasil, a prática ainda não é regulamentada pelo governo federal – por isso o filme busca levantar o debate sobre a prática e mostrar a luta das famílias que tentam manter seus filhos afastados do sistema de educação tradicional, considerado por eles pouco adequados às necessidades das crianças. 

“O filme mostra que existem alternativas para esse sistema educacional tão rudimentar no qual nossa sociedade é baseada. Na desescolarização as pessoas têm como fio condutor os interesses reais, seguindo caminhos não lineares e buscando um ensino mais prático. A educação tradicional é muito distante da vida real”, afirma André. 

Para ele a desescolarização possibilita ainda tirar o peso da responsabilidade dos professores pela educação de crianças e jovens, devolvendo essa responsabilidade para o seu lugar original, no ambiente familiar: “Lembro o quanto era ruim ir para o colégio. Era muito linear, rígido e não incentivava o autoconhecimento. Quando apresentamos novas possibilidades e caminhos, vemos que o professor é um orientador, um mentor na jornada do conhecimento e os pais podem se preparar para exercerem esse papel.” 

O diretor crê que é possível adotar algumas metodologias de ensino, mesmo que a criança estude em uma escola tradicional. “Essas metodologias podem complementar a escola e oferecer à criança uma informação que talvez a escola não forneça. É como um suplemento vitamínico da educação que ele estará recebendo”, conclui.

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