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Desempenho

Dormir bem para aprender melhor

Baixo desempenho escolar, falta de apetite pela manhã e irritabilidade são sintomas que indicam problemas com o sono

Depois que passou por avaliação médica, Ana Carolina de Bona, 14 anos, teve o uso de computador e celular limitado para dormir melhor | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Depois que passou por avaliação médica, Ana Carolina de Bona, 14 anos, teve o uso de computador e celular limitado para dormir melhor (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Além de comprovar que boas noites de sono contribuem para que crianças e adolescentes tenham disposição suficiente para encarar um dia de aula, estudos recentes destacam que dormir bem é necessário para a fixação dos conteúdos e consolidação do que foi aprendido. A qualidade do sono tem impacto na capacidade de concentração e na memória, o que acaba tendo efeito, cedo ou tarde, no desempenho escolar.

Segundo especialistas, os pais podem constatar com certa facilidade se o filho está dormindo o necessário. A mãe de Ana Carolina de Bona, 14 anos, por exemplo, desconfiava que os hábitos de sono da filha não eram bons desde que ela começou a estudar no período da manhã e passou a acordar às 6h30. Foi diante do boletim escolar "crítico" de Ana que a mãe decidiu agir. "Ela passou a ter notas vermelhas e a perder muito a primeira aula. Também estava irritada, mal humorada e tendo dores de cabeça", conta a empresária Eliane de Bona.

Outros sinais que indicam que o sono não vai bem são a falta de apetite pela manhã e sonolência ao longo do dia, segundo o doutor em Neurociência Fernando Louzada, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele comenta que a necessidade de sono varia em cada pessoa, mas a tendência é de o adolescente dormir mais tarde e ter necessidade de dormir por mais tempo.

Entretanto, é pequena a chance de as escolas brasileiras mudarem os horários das aulas para que os jovens possam estudar à tarde e dormir mais tempo pela manhã. A solução é se esforçar para que os estudantes estejam na cama o mais cedo possível. No caso de Ana Carolina e da maioria dos jovens, boa parte do problema seria resolvido se o hábito de ficar no celular ou no computador até altas horas fosse deixado de lado.

"Procuramos atendimento médico para resolver o problema do sono e tivemos mudanças em casa. Celular e computador são desligados 1h30 antes de ela se deitar e nada de refrigerante depois das 18 horas", conta Eliane. Ana Carolina também teve de se empenhar em ir para a cama 15 minutos mais cedo a cada dia. Hoje, ela tenta dormir às 23 horas e não mais às 2 horas da madrugada, como fazia no ano passado.

Crianças

De acordo com a médica Adriane Zonato, coordenadora do Laboratório do Sono do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), a privação do sono pode trazer sintomas diferentes a crianças e adultos. "A criança que dorme pouco acaba agindo de maneira hiperativa e fica irritada e com falta de concentração. Além disso, não comem pela manhã, que é o horário em que o corpo deveria se alimentar mais", explica.

Sinais demoram para aparecer

O sono de crianças e adolescentes pode ser uma armadilha, segundo o especialista em Psicologia Clínica na área comportamental Carlos Esteves. Ele explica que, no início, quando o estudante começa a reduzir suas horas de sono, ele não percebe o comprometimento no ciclo de vigília ou período ativo. "Com o passar dos dias, esse processo se torna crônico, ao ponto de afetar completamente o esforço dedicado aos estudos em alguns casos. Isto é: aquilo que foi aprendido na escola pode ser comprometido e podemos pensar em consequências nos estudos, na concentração e no desempenho escolar", afirma. Outro fator mais ligado aos adolescentes, que geralmente enfrentam pressão pré-vestibular, é o excesso de estudo em momentos que deveriam ser de descanso. "A quantidade de horas em atividade não deveria ser um indicativo de desempenho, visto que, a partir de um ponto, todo organismo irá incorrer em uma saturação física e emocional", completa o psicólogo.

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