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Pedro Teixeira: patrono dos formandos de 2016, durante tratamento contra um câncer na faringe. |  Arquivo Pessoal.
Pedro Teixeira: patrono dos formandos de 2016, durante tratamento contra um câncer na faringe.| Foto:  Arquivo Pessoal.

Engenheiro, médico ou advogado? Raramente ouvimos alguém que, desde adolescente, quer se tornar professor. Mesmo assim, ainda há jovens que optam por cursos de licenciatura para sua formação acadêmica e profissional. E a resposta para essas escolhas pode estar dentro das próprias escolas.

A Gazeta do Povo conversou com cinco profissionais que se inspiraram em suas experiências escolares ao escolher a profissão e hoje lecionam em seus colégios de origem.  

Segunda casa: Pedro Teixeira Filho, Colégio Pedro II, Rio de Janeiro (RJ) 

Aos 47 anos, o professor Pedro Teixeira Filho não esconde o orgulho ao dizer que faz parte da “Família Pedro II”. Hoje, o professor de Biologia de uma das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro relembra o começo de sua trajetória no Colégio Pedro II, onde permaneceu da quarta série ao terceiro ano do ensino médio. 

“São muitas e boas lembranças. O colégio sempre foi minha segunda casa. Foram sete anos vestindo o uniforme da instituição. Até hoje ainda mantenho amizades daquele tempo.”, conta.  

Mestre em Biologia pela UERJ, Pedro voltou ao lugar que despertou sua paixão pela educação em 1993 (seis anos após terminar o ensino médio). “Foi como voltar pra casa depois de uma viagem muito longa”, relembra.  

Mas após mais de duas décadas exercendo a profissão, o educador descobriu algo que o afastaria das salas de aula durante seis meses: um câncer na faringe fez com que o professor percebesse como seu trabalho era reconhecido por alunos e colegas.  

Em agosto deste ano, após o fim das sessões de radio e quimioterapia, Pedro voltou à sala de aula. “Tive muito apoio dos alunos, não só do Pedro II, mas também da Universidade Estácio de Sá, onde dou aula no curso de Biologia”, afirma. “Vários me mandaram mensagens durante o tratamento e mostraram muita preocupação com meu estado. Inclusive fui convidado para ser patrono dos formandos de 2016, durante o tratamento.”  

Questionado sobre quão importante foi o apoio de alunos, diretores e professores do Colégio Pedro II para sua recuperação, o professor afirma sem pensar duas vezes: “Estar no meu colégio é uma alegria muito grande. Me ajudou muito. É um privilégio trabalhar em uma instituição que completa 180 anos em dezembro, tendo feito parte de 23 anos dessa história tão bonita. Realmente estou em casa: não troco aqui por lugar nenhum no mundo”. 

Caminho natural: Marta Favero, Colégio Estadual Professora Ângela Sandri, Almirante Tamandaré (PR) 

Quando Marta Favero começou frequentar as aulas da professora Sueli, no Colégio Estadual Professora Ângela Sandri Teixeira, em Almirante Tamandaré, ela já sonhava em seguir a carreira de professora. 

"Morava perto da escola e minha amizade com a professora Sueli era tão grande que eu ficava em frente à minha casa esperando por ela, para que fôssemos juntas para a escola", relembra. 

Marta completou todo o ensino fundamental no Ângela Sandri, quando precisou mudar de colégio. "Não havia o Ensino Médio, então precisei sair”, conta. Mas logo após concluir a graduação em Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a então recém formada foi à procura de um emprego. Sua primeira opção parecia óbvia: bater à porta da instituição em que havia estudado entre a primeira e a oitava série. 

"Logo comecei a lecionar aqui, convivendo com meus ex-professores, mas agora como colegas de trabalho. Um orgulho e um privilégio. Hoje tenho também ex-alunos trabalhando comigo." 

Quando Marta começou frequentar as aulas da professora Sueli já sonhava em ser professora. Arquivo Pessoal.

Aposta paterna: Cleiton Mazur, Colégio Mafrense, Mafra (SC) 

Cleiton Mazur cursou todo o ensino fundamental em colégios públicos da cidade de Mafra, em Santa Catarina. Ao entrar no ensino médio, com o intuito de melhorar sua preparação para o vestibular, seu pai decidiu colocá-lo em um colégio particular, o Colégio Mafrense. "Meu pai considerava que o Mafrense era o melhor colégio da cidade na época e acredito que ele estava certo", relembra. 

A aposta do pai funcionou, e no ano de 2000 Cleiton foi aprovado no vestibular de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo ele, o papel do colégio foi fundamental para a escolha de sua profissão. "Meus professores mostravam muita paixão pelo trabalho que desempenhavam. Vários deles lecionavam em outras cidades, em outros colégios, e eram muito bem sucedidos. Vi ali o meu futuro", conta.  

O professor acredita que, por estar em um "quase em casa", é mais fácil se compreender os alunos. "Me sinto feliz e realizado. Escolhi a profissão já no ensino médio e, por ter vivido a mesma realidade desses jovens, consigo me conectar mais facilmente com eles".  

De mãe para filha: Milene Kaiss, Colégio Estadual Victor Busmann, Campo do Tenente (PR) 

O Colégio Estadual Victor Bussmann, na cidade de Campo do Tenente, região metropolitana de Curitiba, é uma extensão da casa de Milene Kaiss desde os dez anos de idade. Lá ela completou seus estudos entre a quarta e a oitava série e atualmente é professora de Educação Física. 

A educadora relembra as dificuldades da instituição na época em que ainda era apenas uma aluna. "O colégio tinha poucos recursos. O lanche escolar no intervalo das aulas geralmente era sopa ou alguma refeição mais simples", conta. 

"Mas tínhamos professores comprometidos, muito dedicados. Nossas pesquisas eram feitas exclusivamente em livros e enciclopédias; não existia a facilidade da internet, então a dedicação dos professores e alunos precisava ser maior", completa.

Milene conta ainda que a escolha pelo magistério teve influência da mãe: "uma das melhores que esta cidade já teve, como já me contaram os pais de alguns alunos". 

Tal mãe, tal filha: Milene teve a inspiração para se tornar professora dentro de casa. Arquivo Pessoal.

Ambiente inspirador: Daniela Menezes, Escola Atuação, Curitiba (PR) 

Do berçário à oitava série, Daniela Menezes foi alfabetizada e concluiu o ensino fundamental na Escola Atuação, em Curitiba. "Fui matriculada com apenas oito meses e saí com quatorze anos; o colégio na época não tinha estrutura para o ensino médio". 

Daniela lembra com carinho dos professores que fizeram com que seguisse o caminho da docência. "Sempre fui incentivada a sonhar e ir atrás dos meus objetivos e sonhos", conta. "Amo dançar, amo esportes e sempre fiz aulas extracurriculares. O colégio tem como filosofia incentivar esse desenvolvimento corporal e motor", completa. 

Hoje ela é professora de educação física do Atuação e crê que seu período no colégio foi fundamental para a escolha profissional. "Tenho lembranças ótimas da minha época como aluna: fizemos projetos de reciclagem do lixo, tínhamos vários programas que incluíam as famílias, além de atividades na própria comunidade. Foi aqui que me apaixonei pela educação".

Daniela lembra com carinho dos professores que a inspiraram. Arquivo Pessoal.
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