Não são raros os casos em que alunos de colégios bem conceituados fazem cursinhos preparatórios para o vestibular. Inseguros com o que foi ministrado durante todo o ensino médio, eles acreditam que o cursinho vai prepará-los especificamente para a concorrida seleção. Mas quando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) avança como fator decisivo para a entrada na faculdade, a realidade passa a ser outra. Instituições que oferecem qualidade no ensino médio saem na frente. Escolas bem conceituadas no Enem 2008 que teve o resultado divulgado durante a semana que passou contam o que fazem para conseguir as notas mais altas.
O diretor Educacional do Colégio Marista Santa Maria, Gerson Luiz Carassai, diz que não é possível treinar um aluno para o exame. "O resultado é fruto de um trabalho anterior, que começa lá no ensino fundamental", afirma. Ele conta que a instituição tem um sistema interno de avaliação que aponta onde deve ser dada maior atenção. "Também investimos na estrutura física por acreditar que o espaço conspira a favor, mas o foco está na seriedade das questões pedagógicas", completa o diretor.
Carassai também cita o fato de a escola ter abolido há algum tempo aquele conceito de média por disciplina. O conteúdo, explica, é dividido por competências e o aluno tem de atingir a média 7 em cada uma delas. Por exemplo, se um estudante tem a nota 4 em álgebra e 10 em geometria seria possível dizer que ele tem a média 7 em Matemática. Mas o Santa Maria exige que essa média seja alcançada em cada uma das competências dentro da disciplina, ou seja, em álgebra e em geometria, nesse caso.
A melhor
A rede Marista passou por uma reestruturação das unidades em 2005 e nesse processo a instituição pensou um novo ensino médio. "Revisamos e atualizamos o conteúdo, retiramos o que era inútil e colocamos aquilo que tem utilidade para o aluno", diz o diretor Educacional do Colégio Marista Paranaense, José Pykocz. O resultado, segundo ele, foi um crescimento quantitativo de alunos e, principalmente, de qualidade.
O colégio tem investido em laboratórios, salas de multimída e na biblioteca. "Temos 14 assinaturas de revistas e duas de jornais, que são acessíveis a professores e alunos. Se o nosso estudante não tiver contato com o jornal, por exemplo, não estará por dentro das atualidades".
Com base nas notas do Enem, a melhor escola do Paraná é o Colégio Militar, que acaba de completar 50 anos. Ao comentar o resultado do exame, o comandante, Luiz Quintino de Figueiredo, afirma que a diferença está no investimento em educação integral e qualificação de professores. "Vamos além do curricular, com atividades extraclasse que desenvolvem a área cognitiva, psicomotora e afetiva", diz. No colégio, os alunos recebem aulas regulares num turno e no outro fazem atividades extras como música, equitação, atletismo e filatelia.
O capitão Marcelo Toniolo de Oliveira, diretor pedagógico do Colégio da Polícia Militar, diz que a instituição não tem condições de fazer cursos preparatórios para o Enem, mas que é possível mudar o foco e preparar os alunos para esse exame. "Depois que o MEC (Ministério da Educação) passou a divulgar as notas, algumas escolas particulares começaram a fazer um cursinho pré-Enem", comenta o capitão.
