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Candidatos do Enem aguardam para ingressar no local da prova em Curitiba | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Candidatos do Enem aguardam para ingressar no local da prova em Curitiba| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Clima de competição fica em segundo plano

Naiady Piva, especial para a Gazeta do Povo

A imagem do aluno jovem que leva a apostila até a porta da sala de aula e o clima de tensão dos vestibulares tradicionais parece não combinar com o clima vivido pelo candidatos que fazem Enem. As motivações para fazer o exame são as mais variadas, e notadas em estudantes de todas as idades.

Jessica Franco é uma dessas candidatas. Aos 22 anos, se inscreveu para realizar o sonho de fazer faculdade de História. Tentou o vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mas não se adaptou ao estilo da avaliação. "São dois estilos de prova. A do Enem é mais ampla, eu me adapto melhor. A da Federal é mais técnica", diz a garota, que sonha com uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Já a estudante Adriana Hiromi fez a prova tendo justamente a UFPR como objetivo. Além de tentar o vestibular próprio da instituição, que ocorreu no último dia 2, ela pretende disputar uma das vagas reservadas ao Sistema Único de Seleção (Sisu), o que corresponde a 30% do total de vagas da universidade. O Sisu usa exclusivamente a nota do Enem como critério de seleção.

O ímpeto consumidor dos candidatos deste ano frustrou os vendedores ambulantes com quem a reportagem conversou. Com a família inteira envolvida na venda de materiais importantes aos candidatos, como canetas e garrafas de água, Paolla Allebrand colocou sua caixa térmica em frente à Faculdade de Educação Superior do Paraná (Fesp) na esperança de arrecadar os mesmos R$ 500 que conseguiu no ano passado. No entanto, quando os portões se fecharam, por volta das 13 h de domingo, ela tinha coletado pouco mais de R$ 100.

No mesmo local também estava o comerciante Josué Gomes Junior, que passou longe das 800 garrafas de água que vendeu em 2013. "Mas a caneta é uma campeã de vendas", comemora o vigilante, que vendia esferográficas pretas por R$ 2 cada.

  • Adriana fez o Enem pensando em uma vaga na UFPR pelo Sisu

Pouco mais de 6 milhões de inscritos para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) participaram das provas no fim de semana em todo o Brasil. Dos quase 8,7 milhões de inscritos, 28% não compareceram ao exame (cerca de 2,4 milhões de inscritos). Outros 1.519 candidatos foram eliminados, 236 deles pelo uso de celular durante a prova.

No Paraná, 406.542 candidatos se inscreveram, 14,84% a mais do que no ano passado. Na etapa de domingo, os estudantes produziram uma redação e responderam às questões de Matemática e suas Tecnologias e de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. No sábado, foram aplicadas as provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Química, Física e Biologia) e de Ciências Humanas e suas Tecnologias (História, Geografia, Sociologia e Filosofia), com 45 questões de múltipla escolha cada.

O tema da redação, "Publicidade infantil em questão no Brasil", pegou os candidatos de surpresa. Matheus Gomes Barigo, aluno do 2.º ano do ensino médio, diz que o assunto não era desconhecido por ele, mas observou que não se escuta as pessoas conversando sobre isso com frequência. A estudante Valéria Mombach gostou da escolha. "O tema é bom porque é bastante amplo, então você pode ser a favor, contra ou neutro", o que facilita a argumentação, diz a candidata. Ela cursa jornalismo em uma faculdade particular, e fez o Enem para tentar uma bolsa via Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

A primeira etapa do Enem teve congestionamento e candidatos atrasados em Curitiba. O Colégio Estadual do Paraná abrigou os sabatistas da cidade, estudantes que guardam o sábado por motivo religioso, como os adventistas, e que só começariam a prova após às 19 horas. Mesmo assim, eles precisavam chegar às 13 horas. Após o fechamento dos portões, uma estudante que chegou atrasada chegou a pular o muro para tentar entrar no local de prova, mas foi impedida pelos seguranças que a acompanharam até os portões do colégio. Só no sábado, 65 candidatos foram desclassificados por fazerem uso de celulares durante a prova.

Dalton Trevisan

Mistérios de Curitiba, obra do escritor Dalton Trevisan, ganhou espaço em uma questão da prova de Linguagens aplicada no domingo. Um trecho da obra serviu de base para testar a habilidade de interpretação dos candidatos.

A prova de Ciências Humanas abordou temas atuais e de direitos humanos. A Comissão Nacional da Verdade, que apura violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, foi tema de uma questão. Também apareceram perguntas sobre ditadura militar, fluxo migratório, patrimônio cultural, urbanização, clonagem humana e o sistema político brasileiro.

A prova de Ciências da Natureza, por sua vez, priorizou temas como poluição térmica, tipos sanguíneos, parasitoides, comportamento dos gases, pêndulo de Newton, circuito de lâmpadas, genética, resíduos químicos e indução eletromagnética. Os gabaritos oficiais das provas serão divulgados até quarta-feira no site do Enem (http://portal.inep.gov.br/enem).

Gabarito

Confira o gabarito extraoficial e comentários em vídeo dos professores do curso Dom Bosco, Colégio Bom Jesus, Marista Santa Maria e Sion no site www.gazetadopovo.com.br/educacao/enem.

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