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Centro Municipal de Ensino Infantil Laura Santos, em Curitiba: melhor opção? | Aniele NascimentoGazeta do Povo
Centro Municipal de Ensino Infantil Laura Santos, em Curitiba: melhor opção?| Foto: Aniele NascimentoGazeta do Povo

É senso comum que, sempre que possível, o Estado deve investir em creches para crianças na primeira infância. Mas um artigo publicado pelo Center for Global Progress, entidade de pesquisa independente com sede em Washington, aponta na direção contrária.

Ao analisar estudos feitos sobre o tema nos últimos  anos, o pesquisador Justin Sandefur concluiu que os governos da América Latina podem obter melhores resultados sem, em vez de manterem creches, investirem em visitas domiciliares de tutores e no treinamento dos pais para educar seus filhos.

O artigo cita uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicado em 2015, que mediu os efeitos cognitivos de cada método – e os ganhos econômicos para a sociedade no longo prazo. A relação custo-benefício (proporção entre o que é gasto e o retorno obtido) ficou assim: para cada dólar investido em pré-escolas (meio período), o retorno é de 3 a 5 dólares. No caso das visitas domiciliares, o retorno é de 3 para 1. As creches obtiveram proporção de 1 para 1. 

Problema: pré-escolas e visitas domiciliares não permitem que as mães, normalmente responsáveis pelas crianças, trabalhem fora de casa em tempo integral. Em termos puramente econômicos, a ausência dessas mulheres no mercado de trabalho tem um custo significativo.

Ao analisar os números, Sandefur conclui que, ainda assim, as visitas domiciliares podem ter resultados melhores do que as creches. “Não é óbvio que mesmo os benefícios em termos da participação feminina na força de trabalho são grandes o suficientes para superar o custo dos programas de creches em tempo integral”, ele afirma. Para sustentar seu argumento, ele cita dados da Colômbia, onde um programa de financiamento de creches acabou custando mais caro o que o benefício trazido pela entrada de mulheres no mercado de trabalho.

Evidentemente, as escolhas de cada família não são feitas tomadas levando em conta o resultado mais produtivo pra sociedade no longo termo. A perspectiva do autor é a dos responsáveis pelas políticas públicas, que devem aplicar os recursos com a maior eficiência. E, nesse aspecto, investir em creches pode não ser a melhor solução.

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