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Os grêmios estudantis das escolas estaduais começaram a ser reformulados neste ano em São Paulo, para que possam ampliar sua capacidade de atuação. A Secretaria Estadual da Educação (SEE) mapeou pela primeira vez os grêmios do estado, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE). A pasta decidiu ainda ser mais ativa na construção desses grupos, passando a responsabilidade da estrutura à Coordenadora de Gestão da Educação Básica (CGEB).

A ideia é tornar as entidades mais atuantes, após constatação do MPE de que os grêmios não funcionavam e não tinham participação efetiva nas decisões nas escolas.

“Acompanhamos, em inquéritos civis, que há falta de grêmios estudantis nas escolas e, mesmo quando eles existem, não exercem a participação, a eleição democrática. Diante disso, solicitamos um diagnóstico da secretaria para aperfeiçoar a estrutura”, disse o promotor João Paulo Faustinoni, do Grupo de Atuação Especial de Educação (Geduc). Após a pesquisa, a SEE constatou que há 3,4 mil colégios com grêmios na rede, mas nem todos atuantes e com eleições.

Além da pesquisa, que ouviu as 5 mil escolas da rede entre maio e junho, a pasta organizou encontros com os grêmios já existentes e diretorias nas escolas. A estratégia é preparar professores e coordenadores para que auxiliem os alunos e garantam as eleições anuais nos grêmios. “Queremos que os alunos entendam que o grêmio não é o espaço que o diretor da escola dá se tiver. É um espaço de direito, que existe na legislação. Faz parte do projeto pedagógico da escola”, diz a responsável pela articulação com os grêmios na SEE, Sônia Maria Brancaglion.

Segundo ela, um levantamento do MPE com a pasta constatou que as escolas com maiores índices de violência não têm gestão participativa.

Pontapé

A escola Augusto de Oliveira Jordão, em Diadema, na Grande São Paulo, é uma das que entrarão nesta nova fase dos grêmios. As principais bandeiras do grupo Força Jovem, nome dado pelos alunos, serão a conscientização contra o uso de drogas e o bullying. Os planos para 2016 já começaram. “Pensamos em trazer artistas reconhecidos e que tiveram envolvimento com drogas para falar com os alunos”, explica o presidente do grêmio Rodrigo Prado, de 16 anos.

De acordo com ele, um dos principais problemas da escola são brigas entre alunos e desentendimentos com a coordenação. “Começamos a ouvir os dois lados, tentar o diálogo entre eles para minimizar esses problemas”, disse Prado.

Independentes

Sem um acompanhamento claro dos grêmios, muitos grupos foram criados de maneira independente, apoiados por entidades estudantis, como a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes). Durante a reorganização promovida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), parte desses grupos tomou a frente das 196 ocupações dos colégios estaduais. Isso levou o governo estadual a acusar o protesto de político-partidário, já que entidades como a Umes têm ligações com o PCdoB e outros partidos.

Na Escola Brigadeiro Gavião Peixoto, em Perus, zona norte da capital, o grêmio não só liderou a ocupação durante 30 dias, como também tem reclamado da infraestrutura. “Estávamos há dois anos sem nenhum grêmio, então decidimos montá-lo”, disse a presidente do grupo, Vanessa Alves, de 16 anos. “Essa sala está sem porta, mas não fomos nós, não. Já estava assim”, disse ela a um funcionário da diretoria de ensino. A pasta garante que toda a unidade passará por manutenção.

Na escola Astrogildo Arruda, na Vila Carolina, zona norte de São Paulo, o grêmio também deu o tom da ocupação e dos protestos de rua. “Queríamos ter voz naquilo que é decidido”, disse o presidente da entidade, Bismarck Lucas, de 17 anos, do 3º ano do ensino médio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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