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Várias escolas de Curitiba mantêm a tradição de executar o Hino Nacional | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Várias escolas de Curitiba mantêm a tradição de executar o Hino Nacional| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Para muitos estudantes, cantar o Hino Nacional antes do início das aulas é uma tortura. São minutos em pé, na fila, gastos, muitas vezes, sem que eles entendam a finalidade da atividade. Em Curitiba, a execução do hino é obrigatória uma vez por semana nas escolas municipais. Mesmo questionada pelos alunos, a prática tem o apoio de educadores, mas desde que integre um projeto de construção da idéia de civismo.

De acordo com a gerente de currículo da Secretaria de Educação de Curitiba, Maria José Giongo, nas escolas da rede municipal o hino não é executado num dia da semana específico, ficando a critério de cada escola a definição da data. "Mas é importante que as crianças conheçam e cantem o Hino Nacional, assim como outros, já que eles envolvem noções de cidadania, cultura e nação", defende. Segundo a lei que determina a freqüência semanal do hino, o de Curitiba também deve ser executado uma vez por mês e o da Bandeira, uma vez durante o semestre letivo.

De acordo com o sociólogo Lindomar Wessler Bonetti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o Hino e a Bandeira Nacional ganharam uma conotação negativa no período da ditadura. "Eles eram usados como instrumentos de controle político e ideológico. Por isso a sociedade ficou com o pé atrás com essa simbologia", explica. Para ele, hino, bandeira e outros símbolos devem ser ensinados na escolas em diversas disciplinas, como História, Geografia e Português. "Não há necessidade da volta da disciplina de Educação Moral e Cívica, pois ela estava ligada à ditadura e hoje não faria mais sentido." O retorno da disciplina chegou a ser discutido na Câmara Municipal de Curitiba, mas o projeto foi vetado.

Para o historiador Dennison de Oliveira, autor de livros sobre civismo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a escola é apenas uma parte do processo educativo para incentivar o civismo. "Existem outros fatores que influenciam as crianças e os adolescentes a formar ou não uma consciência cívica, como a indústria cultural por exemplo. Não é só a escola a responsável por desenvolver o patriotismo, embora ela esteja conseguindo cumprir seu papel."

Para Thierry Reis, 12 anos, que estuda em escola particular, cantar o hino é divertido. Mas ele conta que assuntos relacionados aos símbolos nacionais não são discutidos em sala de aula. Bonetti explica que esse trabalho em sala é fundamental. "Os professores precisam falar em sala de aula que existem culturas, lugares e línguas diferentes, e que a elas estão associados um hino e uma bandeira. Tudo isso está ligado ao significado de Nação e deve ser passado de uma forma crítica. Isso é civismo."

Ele lembra também que em países europeus, a valorização de hinos e bandeiras é cultural. "Aqui ainda não temos isso, mas o que se deve perceber é que eles significam uma unidade nacional e que Nação não é apenas território, mas a representação de um povo, de uma cultura."

Em períodos históricos de guerra e crise alguns países conseguiram se reerguer com a ajuda do civismo, principalmente ensinado nas escolas. Segundo professor Oliveira, a França depois de 1871 é um caso clássico. "Depois da sua derrota para a Prússia, as escolas francesas utilizaram muito o patriotismo para reconstruir o país", relata.

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