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A liberdade é a precursora da felicidade. Quando somos livres, sentimos que estamos no controle de nossa vida e somos capazes de apontar o nosso próprio caminho. Se estivermos infelizes, podemos fazer mudanças e escolhas diferentes. Se não formos livres, não podemos fazer essas escolhas; não podemos ser os nossos próprios agentes, e por isso sofremos.

Esse sofrimento devido à falta de liberdade está se tornando cada vez mais evidente em todo o nosso sistema obrigatório de ensino. Sob ameaça de força do Estado, os jovens são obrigados a frequentar a escola distrital designada a eles. Se tiverem a sorte de ter acesso a uma escola charter local (espécie de escola pública independente), ou tiverem um pai ou tutor que possa tirá-los da escola para estudar em casa, ou mesmo em uma escola particular, esses jovens poderão escapar dos limites da sala de aula compulsória do governo. Mas a grande maioria das crianças e dos jovens nos Estados Unidos (cerca de 85%) está trancada (literalmente, hoje em dia) numa sala de aula convencional.

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Não chega a ser surpreendente que, como a experiência na escola nos Estados Unidos consome mais tempo do que nunca, começando mais cedo e prolongando-se mais do que em qualquer outro momento da história, os jovens norte-americanos estejam cada vez mais deprimidos.

Acrescente a isso mudanças nas últimas duas décadas, que tornaram o currículo escolar muito mais padronizado e orientado para testes, e o resultado é uma geração de jovens no limite da sua própria adaptabilidade emocional. Eles estão sofrendo.

Os números falam por si. De acordo com dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), a taxa de suicídio de rapazes entre 15 e 19 anos aumentou 31% entre 2007 e 2015, e a taxa de suicídio de meninas nessa faixa etária duplicou durante o mesmo período. O que é mais alarmante: um estudo recente, publicado na revista Pediatrics, mostra que pensamentos e ações suicidas entre crianças e adolescentes diminuem durante os meses de verão e aumentam durante o ano escolar – um padrão diferente dos adultos, que experimentam taxas de suicídio mais elevadas no verão.

A descoberta de que as crianças são mais felizes durante as férias escolares de verão, quando têm mais liberdade, e mais deprimidas durante o ano letivo, quando não têm, deveria alertar pais, educadores e políticos. A liberdade é a precursora da felicidade. Esta correlação é reforçada por uma nova pesquisa que mostra que, quando um aluno tem a liberdade de sair da escola obrigatória por meio de mecanismos de escolha, sua saúde mental melhora drasticamente.

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Os pesquisadores Corey DeAngelis e Angela Dills descobriram que os estados americanos com políticas que favorecem escolas charter e vouchers de educação tiveram redução nas taxas de suicídio de adolescentes, e que alunos que frequentam escolas particulares têm melhor saúde mental a longo prazo. A pesquisa foi a primeira a relacionar os mecanismos de escolha escolar à melhora da saúde mental na infância.

Os resultados não deveriam nos surpreender. Quando temos a liberdade de deixar um ambiente insalubre ou inseguro, a nossa saúde mental tende a melhorar. Quando os pais podem usar seus instintos protetores para remover o seu filho de um ambiente prejudicial, o filho tende a ser mais feliz. A liberdade é a precursora da felicidade.

Se nos preocupamos com o bem-estar emocional das crianças e esperamos brecar o aumento da taxa de suicídio entre adolescentes, então devemos adotar estratégias que concedam mais liberdade às crianças e mais escolha aos pais. Se quisermos jovens mais felizes, a liberdade é a melhor política.

* Kerry McDonald (@kerry_edu) é bacharel em Economia por Bowdoin e mestre em políticas educacionais por Harvard. Ela vive em Cambridge, Massachusetts, com o marido e quatro filhos que nunca estudaram em uma escola. Kerry é autora do livro que será lançado em breve: “Raising Curious, Well-Educated Children Outside the Conventional Classroom” (Chicago Review Press) [Fora da Escola: Criando Crianças curiosas e bem educadas for a da Sala de Aula Convencional, em tradução livre]. Siga o trabalho de Kerry em: Whole Family Learning.

© 2018 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês.

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