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Tecnologia

Lápis, caderno livros e celular

Apesar de proibidos em sala de aula, os celulares podem ser aliados da aprendizagem quando utilizados de maneira criativa

Da esquerda para a direita: Gregório Menzel, 16 anos, Lucas Humaitá da Silva, 14, Victor Fontanive, 15, Rebecca Breus Meier, 17,  e no centro, Giovanni Machado da Silva, 12, não se separam do celular. | Marcelo Elias/GP
Da esquerda para a direita: Gregório Menzel, 16 anos, Lucas Humaitá da Silva, 14, Victor Fontanive, 15, Rebecca Breus Meier, 17, e no centro, Giovanni Machado da Silva, 12, não se separam do celular. (Foto: Marcelo Elias/GP)

Apesar de terem espaço cativo nas mochilas escolares, os celulares são proibidos da porta para dentro das salas de aula. E essa restrição pode se tornar lei caso sejam aprovados três projetos em trâmite na Câmara Federal que vetam o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos nas escolas. Segundo os autores das propostas, os deputados federais Pompeo de Mattos, Nilson Mourão e Eliene Lima, os celulares levam problemas para as salas de aula, como a troca de torpedos e o uso para colar nas provas.

Mas a possibilidade de excluir definitivamente os celulares das salas vem gerando uma discussão sobre os caminhos da convergência tecnológica, como afirma Augusto de Franco, escritor e coordenador do Escolas-de-Redes, projeto que estuda as redes sociais virtuais. "A questão que se discute não é a tecnologia em si, mas a mudança social que essa conexão provoca", diz ele, defendendo que toda comunicação é um meio de aprendizagem e os celulares potencializam a interação entre as pessoas.

"Há um embate cultural entre as gerações, mas o uso do celular poderia aproximá-las", diz Eliane Abel de Oliveira, mestranda em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que estuda e analisa a formação tecnológica do docente. "O ensino se daria com a troca de informações constante, e com todos ajudando a construir o conhecimento", afirma.

Por enquanto, o modelo quadro-negro, caderno e lápis é unanimidade nas escolas, que ainda não estão preparadas para o mobile learning (aprendizado móvel). Em grande parte das escolas de Curitiba os aparelhos só são permitidos fora da sala.

Ajuda

Como hoje predomina a ideia de comunicação plena, a pergunta que fica quando se fala em proibir os celulares em sala de aula é: o que aconteceria se, ao invés de atrapalharem, os aparelhos ajudassem os professores a dar aulas, se fosse usado para troca de conteúdos ou em pesquisas?

Apesar de ainda incomodarem – "os estridentes aparelhos atrapalham a concentração; desviam a atenção do aluno e concorrem com os professores na árdua tarefa de transmissão do conhecimento", como diz o deputado Nilson Mourão, autor de uma das propostas de proibição –, alguns alunos conseguem fazer um bom uso do celular em sala."

Lucas Humaitá da Silva, de 14 anos, do Colégio Marista Santa Maria, já tirou foto de uma obra de arte para poder analisá-la com calma, em casa, em uma atividade da aula de Artes. O colega, Giovanni Machado da Silva, de 12 anos, usa a calculadora nas aulas de Matemática. "Aprendi sobre fuso-horário mexendo no aparelho", diz ele.

No Colégio Marista Santa Maria, o uso do celular não é permitido durante as atividades pedagógicas, sejam elas em sala ou no ambiente externo, como na Educação Física. "Ele interfere no encaminhamento adequado das aulas, pois distrai os alunos, dificultando a aprendizagem", diz Oleksander Hryckiw, coordenador do Serviço de Atendimento ao Aluno. Mas, em outros espaços (pátio, intervalos, antes e após o término das aulas), o uso do aparelho está liberado. "Entendemos que o celular já está incorporado na rotina dos alunos e não dá para proibir totalmente o seu uso", afirma Janice Carla Joergensen, assistente do Núcleo Psicopedagógico do colégio.

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