
As inúmeras caixas coloridas nas prateleiras das lojas de brinquedo tornam a experiência de escolher um bom presente em desafio. Entre tantas opções, especialistas recomendam que jogos sejam priorizados em relação a outros brinquedos que não promovem a interação social. Se a intenção é escolher algo que se revele educativo, há inclusive alternativas que funcionam como reforço daquilo que a criança aprende na escola.
A psicopedagoga clínica Priscilla Santana Van Kan vê como positiva a escolha por jogos que se apropriam do conteúdo escolar. "Através da experiência, a criança e o adolescente têm a oportunidade de perceber e compreender os conteúdos escolares como elementos vivos e dinâmicos. Assim, o jogo enquanto recurso de ensino-aprendizagem contribui de maneira significativa para a construção crítica, prazerosa e consciente do conhecimento", afirma.
Já a psicóloga e educadora brinquedista Marion Weber Schiller defende que todos os jogos são ferramentas para o desenvolvimento da criança. "Com eles é possível desenvolver o raciocínio lógico, a coordenação motora, a capacidade de concentrar-se, de fazer associações, negociações, desenvolver a criatividade, lidar com frustrações, perdas e ganhos. Todos esses fatores são pré-requisitos para a aprendizagem formal", diz. Jogos que levam a errar e tentar de novo também podem ajudar a criança que tem dificuldade no início da alfabetização e que se mostra insegura.
A escolha
O primeiro passo na hora de presentear é avaliar o perfil da criança, como sugere a coordenadora pedagógica do Grupo Educacional Uninter, Inge Suhr. "Tem aquelas que adoram quebra-cabeças, outras não têm paciência. Além de respeitar a indicação de idade sugerida pelo fabricante, vale considerar o nível de desenvolvimento daquela criança, caso contrário, ela pode ser forçada a lidar com coisas que ainda não tem condições de encarar."
Outra dica é evitar jogos violentos ou individualizantes. Cada vez menos as crianças frequentam espaços de convivência, têm quintal ou famílias grandes, por isso, os jogos que estimulam a socialização são os melhores, lembra Inge. "Jogando em grupo a criança tem raiva ao perder e tem de trabalhar essa raiva. Sentir a sensação de ter de cumprir as regras, falar para o amiguinho que ele não pode roubar e todo o contato com o outro são muito importantes." E não é preciso ter uma turma grande para que o jogo em grupo seja divertido. O efeito positivo será ainda maior se ele promover a integração com os pais ou com a pessoa que deu o presente.
Divididos entre o computador e os jogos de cartas e de tabuleiro
Elas adoram passar o tempo jogando no computador, mas as irmãs Tamires, 13 anos, e Maria Eduarda, 5 anos, também são adeptas dos jogos de cartas e de tabuleiro. Em ambos os casos, elas prezam pela interação e pela aprendizagem, garante a mãe e professora do ensino fundamental Cristiane Vasques.
O caçula Miguel, 1 ano, também já ensaia as primeiras jogadas, seja com as peças coloridas dos jogos ou com os dedinhos deslizando pela tela do tablet. "A Maria Eduarda tem login e senha no portal educacional do colégio e lá acessa os joguinhos. A Tamires gosta de jogos de aventura e mistério. Eu fico sempre de olho para ver se o jogo é educativo mesmo", conta Cristiane.
Longe do computador, Tamires se junta à irmã nos jogos de cartas, como "Uno" ou "Trunfo". "Elas brincam bem juntas, a Maria Eduarda focando mais nas cores e personagens e a Tamires pensando na estratégia dos jogos", diz a mãe. No Natal, as duas entraram em um acordo, vão de "Banco Imobiliário". Mas a decisão sobre qual versão do jogo elas vão ganhar vai ficar por conta do Papai Noel: uma só quer saber do jogo tradicional e a outra bate o pé pela edição com as princesas.





