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Infância

O adeus às fraldas

Desejo de abandoná-las aparece na escola, mas deixá-las de vez exige participação da família

Antoni Thiago tem quase dois anos e demonstra a vontade de deixar as fraldas | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Antoni Thiago tem quase dois anos e demonstra a vontade de deixar as fraldas (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Depois de um dia de trabalho ter que trocar as roupas do filho, limpar os lençóis e, no dia seguinte, chegar à escola do pequenino contando que ele fez xixi na cama mais uma vez. Essa é a rotina pela qual a engenheira agrônoma Rosane Sartoretto Moreno passou há 14 anos com sua primeira filha, situação que está prestes a encarar pela segunda vez. Seu filho Antoni Thiago completa 2 anos no mês que vem e dá as primeiras indicações de que quer sair das fraldas – um processo que exige adaptação da criança e paciência dos pais.

Entre uma puxada e outra que o menino dá na calça, Rosane desconfiou daquilo que as educadoras vinham verificando: é hora de tirar as fraldas. "O Antoni passa o dia todo na escola, só vai para casa à noite. Por isso mesmo eu esperei o parecer dos educadores para saber se este é o momento certo para isso", afirma.

Segundo Maria Augusta Bolsanello, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP), a atitude da mãe é natural, já que para a retirada das fraldas é fundamental uma boa parceria entre família e profesores.

A diretora pedagógica da escola onde Antoni estuda concorda. Segundo Ana Cláudia de Freitas Turkiewicz, responsável pela Edu­cação Infantil Pequeno Príncipe, o processo envolve diretamente a família. "Se a mãe não estiver pronta, não dará continuidade à aprendizagem em casa". É nesse momento, segundo ela, que entra o papel da escola.

Ana Cláudia explica que é comum algum tipo de resistência por parte dos responsáveis pela criança, como continuar colocando as fraldas durante a noite ou evitar retirá-las em época de frio. "Eles ficam com pena da criança, acham que ela vai passar frio, ficar molhada". Nesses casos, segundo ela, a escola chama os pais para uma conversa mais prolongada, onde se explicará que o processo de aprendizagem por qual a criança está passando independe da temperatura e não funciona como um castigo. "Molhar-se faz parte e o aluno deve ser trocado imediatamente", afirma.

Para a diretora responsável pelo Centro de Educação Infantil Giordano Bruno, Maria de Lourdes Barduco, o processo do abandono das fraldas leva cerca de seis meses. "Envolve aspectos físicos e psicológicos do aluno. Isso normalmente ocorre por volta dos dois anos, quando a criança começa a observar o corpo de outra forma e passa a indicar que quer fazer xixi", diz.

Maria de Lourdes também cita a importância de orientações por parte da escola e preparo dos pais, que também vão ter que se adaptar. "Cria-se um vínculo de credibilidade com a escola", enfatiza. Ela explica que algumas reuniões são necessárias para que o colégio saiba como a criança está sinalizando as necessidades fisiológicas em casa e como a mãe está lidando com isso. "Se a criança não frequenta a escola nesta fase da vida, a mãe errará mais. Levar à escola é contar com uma ajuda profissional", afirma.

Incentivo

Os educadores, por estarem envolvidos diretamente com as crianças, devem convidá-la a urinar de forma motivadora. "No universo infantil, tudo é lúdico e se dá pela motivação. Então, para ajudá-lo a ir ao banheiro, é preciso levar um brinquedo, contar uma história", aconselha Maria de Lourdes. Além disso, os pais podem incentivar os filhos dando roupas íntimas mais atrativas às crianças e penicos, que também devem ser levado para a escola para facilitar o processo.

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