Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Comportamento

O que há para aprender depois da reprovação?

Apoio da família e mudança de hábitos são essenciais para tirar algo positivo da repetência escolar

Quando Alexandre Senter reprovou o 9º ano, passava até dez horas jogando no computador | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Quando Alexandre Senter reprovou o 9º ano, passava até dez horas jogando no computador (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Quando o adolescente Alexandre Moreira Senter, 14 anos, reprovou o 9.º ano em 2011, seus hábitos eram muito diferentes daqueles que mantêm hoje. Ele gastava até dez horas de seu dia em jogos no computador, tinha uma alimentação nada saudável – chegou a pesar 102 kg –, e a gentileza com a família passava longe de ser uma preocupação. A notícia da repetência caiu como uma bomba na vida do estudante, mas da crise surgiu um irreconhecível (e melhorado) garoto. Dois anos depois da experiência, o aluno do Colégio Marista Paranaense pesa 62 quilos e admite com orgulho que a rotina diária de estudos não lhe deu apenas boas notas, mas qualidade de vida.

O exemplo mostra que a incômoda situação de estudar novamente tudo o que já foi visto no ano anterior pode resultar num amadurecimento importante para o repetente se pais, amigos e escola ajudarem na ênfase da oportunidade em vez de encarar a reprovação como pena a ser cumprida.

No caso do adolescente, as aulas particulares providenciadas pelos pais foram de grande ajuda, mas não teriam surtido o mesmo efeito se o próprio estudante não tivesse se determinado a mudar. "Chegou a um ponto em que comecei a pensar como seria no futuro se continuasse daquele jeito. Aí falei para mim mesmo que tinha de mudar e resolvi começar o ano sendo diferente", conta. Ele admite que toda sua família já havia alertado sobre os maus hábitos que mantinha. No entanto, foi a reprovação que despertou a força de vontade necessária para melhorar.

O pai do estudante, Fa­biano Senter, confirma a história, e diz que junto das notas altas veio o bom relacionamento com a família. "O ano em que ele repetiu foi complicado, mas nós sentimos a mudança dele e tudo melhorou. Até a parte pessoal".

Autoestima

Para pedagogos, trabalhar a autoestima do repetente é tão importante quanto traçar estratégias de estudo. Nada de comparações com o desempenho dos irmãos, ou lembranças constantes do porque ele está tendo de rever o conteúdo. Isso não significa, no entanto, que se deve esquecer as falhas do ano anterior. "É importante elogiar os pontos positivos da criança e fazer uma relação com aquilo que ela pode melhorar", diz Lia Munhoz da Rocha, coordenadora pedagógica do Colégio Sion – Solitude.

Um obstáculo a ser vencido para garantir a motivação do aluno é o sentimento de exclusão dentro da sala de aula. Estudar junto de colegas mais novos, que muitas vezes conhecem a história do repetente, pode ser bastante intimidador. Por isso, os pais devem se preocupar com mais do que a adoção de uma nova rotina em casa, diz a orientadora educacional do Colégio Dom Bosco, Angela Candeo. "É importante incentivar os laços de amizade com os colegas atuais, pois isso evita que ele se sinta diferente dentro da sala de aula".

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.