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Foto: Arnaldo Alves | Arquivo Gazeta do Povo
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A queimada (ou jogo de caçador), mais do que uma atividade inofensiva com bola, é um instrumento de intimidação e bullying nas escolas. A conclusão polêmica é de uma pesquisa apresentada pela Faculdade de Educação, da University of British Columbia (UBC), no Canadá.

“Permitir a queimada (dodgeball) é o mesmo que legalizar o bullying”, afirmou Joy Butler, uma das responsáveis pelo levantamento, na apresentação da pesquisa à Sociedade Canadense para o Estudo da Educação, em Vancouver.

Segundo ela, existe uma espécie de “currículo oculto” na brincadeira que “reforça a opressão” dos indivíduos percebidos como “mais fracos por meio da violência e do domínio exercido pelos mais poderosos”.

Ao comparar o jogo popular – onde uma equipe precisa eliminar os jogadores de outra, atingindo-os com uma bola – às teorias da feminista Iris Marion Young, o grupo diz que a queimada é prejudicial para os alunos.

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“Se você se acostuma a confrontar pessoas, com o passar do tempo, você vai gostar disso. Se esse é o fim, então a queimada é uma excelente ferramenta para isso”, afirmou outro professor responsável pelo estudo, David Burns, da Kwantlen Polytechnic University. “Não somos contra jogos competitivos ou de desafio, mas acreditamos que essas atividades devem ser feitas em um contexto educacional”, disse Claire Robson, a terceira coautora do levantamento, da Simon Fraser University.

Para os pesquisadores, o jogo ensina os alunos a se “desumanizarem mutuamente”, criando condições inseguras nas escolas, uma área que deveria estimular o crescimento positivo. “A queimada é o único jogo em que o ser humano é o alvo”, disse Butler.

O grupo quer que esse e outros jogos de confronto sejam repensados – e sabe que enfrentará críticas. E elas já começaram.

“Os sistemas escolares públicos, desviados em tentativas equivocadas de engenharia social para reduzir a vitimização imaginada, não prepararão os alunos; eles, ao contrário, os envolverão em uma receita para o fracasso”, afirmou o comentarista esportivo, David Staples.

Para Paul J. Batura, comentarista de comportamento, o jogo traz valiosas lições de vida. “Só porque algumas maçãs podres podem ter jogado injustamente o jogo de vez em quando, isso justifica eliminá-lo? Não”, escreve. Segundo ele, o jogo reproduz a realidade de que, muitas vezes, na vida alguém é “derrubado e abandonado, até mesmo relegado à margem para aguardar a próxima rodada”. Mas esse revés, defende, ajuda a aprender a se recuperar “de qualquer desafio que surja no caminho da vida”.

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