
Todo fim de ano a história se repete. As escolas se organizam para realizar as apresentações comemorativas. Mas, algumas crianças não conseguem nem pensar na ideia de se apresentar em público. As situações são as mais variadas: crianças que ensaiam o ano inteiro e no dia não querem participar, outras que passam mal ou outras ainda que não gostam do papel que vão encenar.
Claudia Santos, psicóloga clínica infantil, comenta que estas situações são comuns. "Muitas crianças ficam ansiosas, inseguras e até gostariam de participar, mas são tímidas e não dão conta de lidar com o fato de terem de se expor em um palco para o público", diz. Maribel Manfrin Rohden, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e mestre em educação, diz que estas apresentações servem para que as crianças vençam barreiras. Para que dê tudo certo no dia a professora deve explicar o que significa o momento e trabalhar o evento com todo o grupo, sem evidenciar um ou outro aluno. "É uma forma de preparação para a vida adulta."
Caso o aluno não queira participar no dia, a sugestão é o diálogo para que a criança entenda a importância da sua participação. "Mas, não pode forçar o aluno a uma situação vexatória", diz Maribel. "Os pais devem incentivá-las, ajudar a criança a superar essa dificuldade, mas jamais pressioná-la e nunca mostrar-se decepcionado. A criança precisa, na medida do possível, sentir-se segura e o caminho mais fácil para essa conquista é sentir que é amada e respeitada em seu jeito de ser", completa Cláudia.
Em equipe
Na Escola Atuação, a preparação dos alunos para estes eventos se dá durante todo o ano, conta Esther Cristina Pereira, diretora e responsável pela Supervisão Pedagógica do colégio. "Temos a feira do saber, o momento da leitura, atividades lúdicas que são trabalhadas junto com o aspecto pedagógico", diz. As crianças do maternal, por exemplo, fazem apresentações prévias em palcos de teatro. "As menores têm a tendência de ter mais medo. Então, não trabalhamos com jogos de luzes e as mães ficam no escuro para que as crianças não possam vê-las e de repente venham a chorar", explica.
Preparação
Na Escola Trilhas é realizada uma apresentação de música com letras trabalhadas ao longo do ano, esclarece Fernanda Weigert Galvão, gestora da área de Saúde, Alimentação e Comunicação da instituição. "Em cada ano, cada turma tem um nome, como por exemplo, Erva mate ou Quero quero. Em cima do tema, elas realizam pesquisas e a escola dispõe de três compositores que elaboram as letras das músicas", conta. Ao final do ano, as músicas fazem parte de um CD e também podem ser ouvidas até na espera telefônica de quem liga para a escola.
Esther, da Escola Atuação, comenta que o fato de a criança ser mais tímida ou resistente às apresentações vai muito da personalidade. "Algumas são mais solícitas e outras preferem tocar instrumentos em vez de cantar, por exemplo", diz. Ela conta que houve o caso de um aluno de quatro anos que "empacou" e não queria mais fazer o papel combinado em uma peça. "Nós conversamos com ele e o convencemos a escolher o papel que ele queria para não ficar de fora. Acaba sendo um pouco frustrante para a família. Mas, se em vez de árvore ele quer fazer o papel da Lua, tudo bem", afirma.
Porém, ela conta que nas aulas de teatro a importância de todos os papéis é explicada. "Na peça da Cinderela, por exemplo, explicamos que o que seria dela se não tivesse um bom cabeleireiro". Os pais também participam desta preparação. "Trabalhamos com eles para que percebam o quanto seus filhos cresceram em desenvoltura", diz.
Outra preocupação das crianças esquecer o texto na hora de falar ou cantar merece atenção na Escola Trilhas. Fernanda conta que a escola não pede para que o aluno decore, mas primeiro entenda o texto para ajudar na assimilação. O fato de cantarem em conjunto, destaca Fernanda, também ensina os alunos a trabalharem em grupo.



