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Aprendizagem precoce e rápida, senso de humor, curiosidade, liderança, persistência e autoconfiança são algumas das características dos oito milhões de brasileiros superdotados. O número, estimado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), corresponde a 5% da população. 

O último Censo de Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) traz estimativas bem mais modestas: em 2016, apenas 15.751 estudantes com altas habilidades estavam matriculados nas escolas brasileiras. 

A discrepância existe porque, embora existam leis que obriguem às instituições de ensino a cadastrarem alunos superdotados, nem sempre é fácil identificá-los. Ao contrário do que muita gente pensa, pessoas com altas habilidades não precisam se destacar em todas as disciplinas. 

Segundo o Ministério da Educação (MEC), os superdotados são aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade (como nos esportes) e artes. Além disso, eles são conhecidos por sua alta criatividade e envolvimento na aprendizagem. 

A psicóloga e supervisora da Sociedade de Alto QI – Mensa Brasil, Priscila Zaia, explica que superdotação não é sinônimo de inteligência. “Para identificar um indivíduo com altas habilidades, é importante considerar diversos fatores, como desempenho escolar, testes de personalidade e criatividade, investigação dos interesses e outros”, disse ela à Gazeta do Povo

A bióloga e pedagoga Dora Cortat — que fundou a Associação Brasileira Para Altas Habilidades (ABSD) — afirma que o jogador Pelé é um exemplo de superdotação na área psicomotora. “O segmento intelectual não é o único a ser considerado. O talento pode estar no modo como a pessoa se expressa por meio de seu corpo”, afirma.

Segundo ela, o motivo de um indivíduo ser acima da média em determinada área é genético. “Tem a ver com a região do cérebro onde agem os neurotransmissores. Nessas pessoas, as conexões nervosas operam de uma forma mais rápida do que nas ditas normais”, explica.

A bióloga ainda observa que os pais devem ficar atentos ao incentivar as crianças com indícios de superdotação. “Os alunos precisam de apoio para desenvolverem suas habilidades, mas estas não devem ser vistas como uma glória. Eles não podem sentir-se superiores aos colegas”. 

Fora do ambiente escolar, a superdotação também é rodeada de mitos. Com o objetivo de desvendar os principais deles, reunimos o que é verdade e o que é mentira sobre o tema. 

Os mitos da superdotação

1) Todos os superdotados são gênios 
MITO 

A bióloga e pedagoga Dora Cortat afirma que o gênio tem habilidades superiores aos superdotados. “Um gênio cria uma coisa completamente nova para a sociedade em determinada época, como Stephen Hawking”. 

 

2) As pessoas com altas habilidades podem ser más alunas em certas disciplinas 
VERDADE 

Ser superdotado não significa ser bom em tudo. O Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBraSD) diz que um indivíduo portador de altas habilidades é aquele que, quando comparado à população geral, apresenta uma capacidade superior em alguma área do conhecimento, como artes, por exemplo. 

 

3) Crianças superdotadas não precisam de ajuda 
MITO 

Segundo Dora Cortat, as crianças superdotadas necessitam de estímulos para identificar e aprimorar as suas próprias potencialidades: “Os pais, professores, diretores e toda a comunidade escolar devem prestar atenção nesse estudante. Se ele acha que a aula está chata, por exemplo, é papel da instituição tentar entender o porquê disso”. Embora o fator genético esteja ligado à superdotação, o comprometimento com uma tarefa e a criatividade são determinantes para o desenvolvimento de altas habilidades. Para o ConBraSD, esses dois fatores são influenciados pelas oportunidades e pelo ambiente em que a criança está inserida. 

 

4) Superdotados podem ter um baixo QI 
VERDADE 

Os populares testes de QI — atualmente chamados de testes de inteligência — avaliam somente algumas das habilidades cognitivas dos indivíduos, como capacidade de raciocínio, memória e processamento de informações. A supervisora da Sociedade de Alto QI – Mensa Brasil, Priscila Zaia, explica que o superdotado nem sempre alcançará resultados positivos nesses testes. “Dizer que uma pessoa tem altas habilidades com base no QI pode ser um equívoco, já que esse número está relacionado ao resultado de uma avaliação específica”, diz. 

 

5) Superdotados são hiperativos e têm mais neurônios 
MITO 

De acordo com um artigo publicado pela Associação Brasileira para Superdotados (ABSD), a quantidade de células nervosas das pessoas com altas habilidades é a mesma da população em geral. O que pode ocorrer é um maior número de interação entre os neurotransmissores.  Além disso, não há indícios que relacionem a superdotação com a hiperatividade. No entanto, é normal que os indivíduos com capacidades superiores demonstrem mais energia ao buscarem conhecimento. 

 
Saiba onde procurar ajuda 

Desde 2015, as instituições de ensino básico e superior são obrigadas a identificar, cadastrar e atender os alunos com altas habilidades (Lei 3.234/15). 

Sendo assim, todos os estados brasileiros devem contar com Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S. Nesses locais, o aluno recebe um atendimento educacional especializado e as famílias ganham orientações sobre como incentivar seus filhos. 

Ao identificar indícios de superdotação nas crianças, os pais devem comunicar imediatamente à escola que dará todas as orientações necessárias. 

 

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