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Elyse Matos e o filho Enrico. | Laiza Marinho.
Elyse Matos e o filho Enrico.| Foto: Laiza Marinho.

A experiência com educação especial para seu filho levou a curitibana Elyse Matos a criar um projeto voltado para pessoas autistas. A ideia, desenvolvida durante o programa Stanford Ignite, realizado pela Universidade Stanford, busca oferecer uma alternativa que combina educação e lazer para crianças com autismo e suas famílias. 

“O tratamento do autismo é intensivo. Tem que ser precoce, desde muito cedo, para a melhora dos sintomas. Meu filho só fazia terapia tradicional, ia para a aula e ficava exausto”, lembra. 

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“Decidi colocá-lo em uma terapia combinada com atividade esportiva. Ele foi tão bem, rendeu tanto e isso me animou a pensar no esporte como uma ferramenta de melhora, um instrumento de inclusão social. O progresso foi muito grande”. 

Inspirada pela mudança que o esporte trouxe para a vida do filho, Elyse criou um centro esportivo para autistas, o Ico Project – um espaço para capacitar famílias que lidam com crianças com a síndrome, treinando-as para promover tratamento próprio aos filhos. 

Necessidades

A possibilidade de famílias poderem oferecer tratamento para os filhos busca suprir uma lacuna: a intensidade do tratamento para autismo não é contemplado pelo sistema público, segundo Elysa. Com o treinamento adequado, as famílias podem oferecer mais assistência para as crianças com autismo. 

“Meu filho tinha, além do período escolar, o acompanhamento de uma pessoa que já conhecia a metodologia que se aplica nas questões de autismo. E também mais quatro horas por dia fora da escola de tratamento, para que obtivéssemos um resultado positivo. Se você tem só uma vez por semana um tratamento, que é o que a rede pública oferece, é melhor capacitar os pais ou cuidadores”, diz. 

Concepção

A ideia foi fomentada por meio do Stanford Ignite, uma iniciativa da Escola de Graduação em Negócios de Stanford com foco em inovação e empreendedorismo, que estimula a criatividade dos profissionais e o desenvolvimento de inovações. 

O programa busca oferecer formação e incentivar o desenvolvimento de ideias de profissionais de diversas áreas, como tecnologia, inovação e negócios. Desde a criação, em 2015, o Stanford Ignite formou mais de 80 pessoas no Brasil. 

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“Estava há cinco anos afastada do mercado só me dedicando ao tratamento do meu filho. Por mais que tivesse a ideia de fazer algo, não tinha ainda me mobilizado”, afirma. 

“Vi o anúncio do Stanford Ignite e fiquei muito interessada. Meu marido disse: ‘Você deveria aplicar para a bolsa’. Mas logo imaginei que não seria selecionada. O que eu poderia oferecer para os colegas de classe?”. 

A aprendizagem adquirida durante o programa ajudou Elyse a refinar a ideia e chegar à melhor opção para o mercado, para as famílias e para as crianças com autismo. 

“Entrei com a ideia de fazer uma clínica”, conta. Mas após um período de pesquisa de mercado, ela constatou que o projeto seria mais viável se mudasse de formato: “Vi que não estava indo para o caminho certo. Então mudei e transformei meu projeto em uma academia de ginástica para a capacitação de profissionais”. 

Parceira

Com o lançamento do projeto, Elyse estabeleceu uma parceria com a Autism Speaks, organização norte-americana, e com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para viabilizar um braço social do negócio em Curitiba; desde o começo de março, o Instituto Ico Project está financiando o treinamento das famílias na rede de saúde da Prefeitura. 

“Em conversas com professores, também queria fazer um braço social. Nessa busca, entrei em contato com a Organização Mundial de Saúde e pude negociar para trazer um programa deles para Curitiba, um projeto piloto de uma versão brasileira para poder trazer a outras cidades do Brasil”, conta. 

“Iremos formatar a versão brasileira da metodologia da OMS e após 14 meses, finalizada a validação em território nacional, pretendemos expandir para todo país”, diz Elyse. 

Uma vez validado pela OMS, o Ico Project pode ir a qualquer cidade do Brasil interessada em implantar a metodologia. “Não é uma metodologia que precise ser implantada no meio privado: ela tem que ser gratuita”, conclui.

Serviço

As inscrições para o Ignite 2018 podem ser feitas online até o dia 18 de maio. As aulas serão ministradas entre os dias 21 de setembro e 11 de novembro, em São Paulo.

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