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Rafael Gomes, durante apresentação de trabalho em Foz do Iguaçu: uso de imagens em aula de Física ajudou a deixar a turma atenta | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Rafael Gomes, durante apresentação de trabalho em Foz do Iguaçu: uso de imagens em aula de Física ajudou a deixar a turma atenta| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Compra ainda é investigada pelo MP

A compra das tevês laranja foi bastante criticada, porque a Cequipel, empresa que forneceu os televisores, foi a principal doadora da campanha do governador Roberto Requião ao governo do estado. O deputado Valdir Rossoni (PSDB), líder dos oposicionistas na Assembléia Legislativa, chegou a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suspeita de superfaturamento.

Ainda está em tramitação um procedimento investigatório na Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, do Ministério Público do Paraná, por suspeita de superfaturamento. O governo do estado pagou R$ 860 para cada um dos 22 mil aparelhos, totalizando um custo de R$ 18,9 milhões.

A polêmica também envolveu a demora na instalação dos equipamentos. As tevês chegaram às escolas no início deste ano, mas só começaram a ser efetivamente instaladas a partir da metade do primeiro semestre letivo, porque houve atraso na entrega dos racks que dão sustentação aos aparelhos. Segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed), hoje todas as escolas já receberam as tevês e estão usando o equipamento. As tevês foram pintadas de laranja para prevenir a ocorrência de furtos e evitar comercialização.

As polêmicas tevês laranja, adquiridas pelo governo do estado para atender as escolas da rede estadual (veja texto nesta página), começam a apresentar os primeiros resultados positivos em sala de aula. Os 22 mil aparelhos de 29 polegadas estão conectando alunos de colégios públicos do Paraná ao mundo da tecnologia e motivando o aprendizado.

Instaladas nas salas de aula, as tevês têm entrada para VHS, DVD, cartão de memória e pendrive, além de saídas para caixas de som e projetor multimídia. Elas substituem os defasados retroprojetores e cartazes.

No Colégio Estadual Almirante Tamandaré, em Foz do Iguaçu, as tevês, concebidas para serem manuseadas pelos professores, também são usadas na apresentação de trabalhos de alunos. A explicação é que o recurso prende mais a atenção durante as aulas.

Rafael Gomes, 17 anos, recentemente usou o aparelho para apresentar um trabalho sobre a 3ª Lei de Newton. Ele e os colegas usaram imagens sobre o tema e gostaram do resultado. "O pessoal presta mais atenção e a apresentação fica dinâmica", diz outra integrante da equipe, Nataly Capelani dos Santos, 16 anos. O professor de Física Deomar Moraes concorda que aparato faz com que docentes e alunos apresentem o conteúdo de forma mais clara, pela possibilidade de explorar imagens.

Para a diretora do colégio, Suely Ferreira da Silva, o resultado está sendo promissor e tende a melhorar: a escola irá receber dez computadores para os alunos baixarem arquivos e montarem os trabalhos, já que nem todos têm o equipamento em casa. "Com os novos recursos alunos terão uma facilidade incrível", diz.

O diretor de Formação do Grêmio Estudantil do Colégio Jorge Schimelpfeng, de Foz do Iguaçu, Laerte Corrêa Bueno Júnior, 17 anos, diz que o uso da tevê só veio beneficiar o ensino. Mas ele afirma que nem todos os professores recorrem com freqüência ao aparelho, até por falta de hábito. No colégio de Júnior, alguns equipamentos já tiveram problemas de funcionamento.

Barreira digital

Nem tudo é festa em torno do novo recurso tecnológico das escolas públicas do Paraná. Alguns professores ainda não receberam o prometido pendrive do governo –um mini-aparato que serve para armazenar os arquivos das aulas. Parte do conteúdo que pode ser gravado no pendrive está disponível no portal Dia-a-Dia Educação.

O governo chegou a comprar 60 mil pendrives de 2GB ao custo de R$ 2,6 milhões, mas em algumas escolas de Foz do Iguaçu e de Ramilândia, por exemplo, eles não chegaram. Segundo o Núcleo Regional de Educação, alguns pendrives estavam com defeito e foram devolvidos. O Núcleo aguarda agora os novos lotes para fazer o repasse.

Outra dificuldade enfrentada é a falta de familiaridade com a tecnologia. A maioria dos professores da rede já recebeu treinamento, mas, mesmo assim, nem todos navegam com facilidade no mundo digital, até porque pertencem à geração da máquina de datilografar e do quadro negro. Embora admitam que o recurso veio beneficiar as aulas, alguns docentes reclamam que ele exige mais tempo para preparar o material em casa.

A secretária educacional do Sindicato dos Trabalhos de Educação no Paraná (APP Sindicato), Janeslei Albuquerque, avalia a iniciativa do governo como positiva, mas diz que, isoladamente, a televisão não irá promover um salto na qualidade do ensino. Para ela, são necessárias melhorias na formação do professor, política salarial mais adequada, ampliação da hora-atividade e, principalmente, redução no número de alunos por turma. "É importante ter o equipamento, mas também é importante ter tempo para ler e preparar as aulas. A boa aula é resultado de um trabalho anterior", diz. Janeslei ainda alerta que, apesar de estar havendo treinamento para os professores usarem o aparelho, é preciso investir mais nos cursos, porque há risco de os equipamentos ficarem subutilizados.

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