
Saias com pregas abaixo do joelho ou tradicionais agasalhos colegiais. Muitos estudantes ainda torcem o nariz para o uniforme escolar enquanto pais e escolas fazem coro para defendê-lo. No passado eram comuns táticas como enrolar as saias na cintura para reduzir o comprimento. Agora os jovens estão sendo ouvidos e muitas escolas adotam opções mais modernas para incentivar a aprovação da garotada.
Nas Escolas Dom Bosco uma pesquisa com os estudantes foi feita no ano passado. "Eles aprovam o uso do uniforme desde que seja feito de uma maneira que eles gostem", afirma a diretora do ensino fundamental, Rita Eganshira Vanzela. Com isso, o traje ganhou assinatura de estilista, investimentos em tecidos tecnológicos e inúmeras opções que saem do tradicional. Ouvir seus alunos não é privilégio de escolas particulares. No Colégio Estadual Aníbal Khury Neto a adoção da calça de cós baixo veio para agradar a seus alunos.
Praticidade, economia, organização e segurança são as justificativas encontradas para quem defende o uso do uniforme escolar. As famílias aprovam, mesmo que no início do ano letivo a compra de agasalhos completos pesem no orçamento. Um conjunto básico, com calça, camisetas e agasalhos, fica em torno de R$ 200. Gasto anual que se comparado com a compra de roupas diferentes para o uso diário seria bem maior, na opinião do diretor geral das Escolas Positivo, Carlos Dorlass. "É mais prático para as famílias. Impede também a diferenciação da classe social, além de ter o lado educativo: mostra que todos são iguais", afirma.
Para uma das coordenadoras da Patrulha Escolar Comunitária, Margarete Maria Lemes, o uso do uniforme é recomendado por uma questão de segurança. "Facilita o trabalho dos policiais na identificação não só dos alunos, mas também de pessoas estranhas que se aproximam da escola", diz. Nas escolas públicas estaduais e nas municipais de Curitiba a adoção do uniforme não é obrigatória, a escolha fica a critério da escola. Segundo Margarete, quase todas as escolas estaduais acabam optando pela uniformização de seus estudantes. "Algumas adotam estratégias para fazer com que os adolescentes se sintam mais à vontade. Havendo o hábito do uso não vejo problema nisso", diz.
Nas escolas da rede municipal nenhum aluno é impedido de assistir a aulas se não estiver usando o uniforme, ressalta a diretora do ensino funadamental da Secretaria de Educação de Curitiba, Nara Luz Salamunes.
Passando adiante
Nas escolas públicas é muito comum a mobilização de famílias, professores e funcionários para o reaproveitamento do uniforme usado. Os estudantes que não irão mais fazer uso das roupas acabam disponibilizando para outros. Geralmente é a associação de pais e professores que organiza essa troca.
Mas a prática não é restrita às escolas públicas. Na Escola Atuação, em Curitiba, doar uniformes que não servem mais já faz parte do cotidiano de pais e alunos. É o caso dos colegas José Henrique Brasil e Alexandre Motta, ambos de 14 anos. Os dois começaram a cursar o ensino médio em outros locais e resolveram deixar suas roupas na secretaria da antiga escola. "Sempre usamos o uniforme de nossos irmãos mais velhos. Se não vamos mais usar por que não passar para alguém? É uma economia para as famílias", dizem.
Já a pedagoga Daniele Cristina Machado, 29 anos, já se acostumou a receber o uniforme para o seu filho Luís, 6 anos, desde o maternal. A doação vem sempre da mesma mãe, a também pedagoga Marilaine Pires, 37 anos. "Por mais que a gente tenha uma situação financeira legal, toda ajuda que vem é importante. Não é porque meu filho estuda em escola particular que tenho dinheiro sobrando. É suado para manter", diz.
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