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Uso excessivo pode prejudicar a interação dos estudantes em situações diferentes daquelas típicas das redes sociais. | Pixabay.
Uso excessivo pode prejudicar a interação dos estudantes em situações diferentes daquelas típicas das redes sociais.| Foto: Pixabay.

Um estudo realizado no Reino Unido pela Universidade de Stanford descobriu que o uso excessivo de aparelhos eletrônicos atrapalha o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais de crianças e adolescentes, comprometendo seu convívio com colegas de classe e até mesmo com familiares. 

A pesquisa, liderada pelo núcleo de comunicação da universidade, ouviu 3.461 meninas com idade entre oito e doze anos e formulou um questionário on-line para que cada uma delas expusesse sua dependência tecnológica, estimando quanto tempo usavam de sua rotina para enviar mensagens em redes sociais, assistir vídeos na Internet, ler, fazer a lição de casa, ouvir música e dialogar com familiares e amigos pessoalmente. Segundo os pesquisadores, os resultados foram "perturbadores e assustadores".  

A conclusão mostrou que o uso excessivo dessas plataformas online está associado diretamente a uma série de experiências negativas das crianças, como o sentimento de não pertencimento ao grupo de colegas, a depressão e o comportamento rebelde em casa. 

"Quando você estiver com outras pessoas, olhe para elas! Ouça atentamente e veja se você consegue contar aquilo que está sentindo", afirma Clifford Nass, um dos encarregados pelo estudo. "Se você não conseguir se expressar, isso não será um problema, mas também indicará que você tem algo a melhorar". 

Papel da escola 

Doutora em Educação, Maisa Pannuti acredita que a internet e as novas tecnologias podem tornar essa nova geração crianças em adultos frustrados e ansiosos, fruto direto do imediatismo em fornecer respostas, promovido por ferramentas como o Google e o Youtube. 

"É tudo muito fácil, você consegue todas as respostas. Quando essas crianças enfrentam a vida lá fora, com a tela do computador desligada, a realidade é outra", aponta a também professora de Psicologia da Universidade Positivo. 

Maisa afirma ainda que é necessário trazer a discussão para dentro dos muros da educação infantil, mas alerta que a atuação de professores e diretores não surtirá efeito sem uma parceria entre escola e a família. 

"A escola é importante nessas situações, mas não é protagonista. A sala de aula tem assumido um papel de educar que não é dela, mas sim dos pais. A família precisa estar atenta aquilo que seus filhos fazem online, sem esquecer da importância do diálogo 'cara a cara': conversar ainda é o melhor caminho para evitarmos adultos problemáticos e traumatizados".  

Excesso

O uso frequente de tecnologia em detrimento de tempo de estudo afeta o desempenho dos estudantes, de acordo com um estudo da Universidade de Michigan. A pesquisa foi realizada com cerca de 1500 estudantes americanos entre 10 e 19 anos de idade. Entre eles, os que jogavam videogames frequentemente passavam em média 30% menos tempo lendo e 34% menos tempo fazendo lição de casa. 

“Isso cria preocupações entre pais, professores e políticos que acreditam que essas mídias interferem nas interações sociais e no sucesso acadêmico dos adolescentes”, disse Hope Cummings, uma das autoras da pesquisa

Do mesmo modo, o hábito de comunicação por novas tecnologias e redes sociais pode trazer prejuízo para o desenvolvimento de habilidades de linguagem nos estudantes. Um estudo realizado por pesquisadoras da Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE) com estudantes de ensino médio indica que o uso frequente de internet e redes sociais pode afetar o modo como os jovens se comunicam. [3] 

“O mundo vive agora, a chamada ‘época tecnológica’, em que as informações mudam constantemente, e é comum fazer uso da linguagem recorrente dos ambientes digitais, já que é a mais utilizada pelos jovens/alunos”, diz o estudo. 

Esse uso excessivo pode prejudicar a interação dos estudantes em situações diferentes daquelas típicas das redes sociais. 

Dependência tecnológica 

"Não existe ainda um estudo definitivo sobre o que surgiu primeiro: a fobia social ou o enclausuramento desses jovens na tecnologia", afirma o psiquiatra Felipe Pinheiro, especialista em transtornos da infância e adolescência e vice-presidente da região noroeste da Associação Paranaense de Psiquiatria. 

O especialista afirma que esse não é um problema apenas de não sentir-se aceito pelo grupo de colegas e amigos: a dependência da tecnologia e a falta de traquejo social podem também desencadear vários problemas de saúde. 

"Essa falta de habilidade social é uma fator de risco para diversas enfermidades psiquiátricas, como a depressão, o transtorno de ansiedade social e até mesmo maximizar a dificuldade de lidar com as frustrações, o que muitas vezes acaba sendo a raiz de um problema mais complexo como, por exemplo, abuso de drogas e álcool". 

Educação démodé: Modelo atual é o mesmo da Revolução Industrial, que replica o formato de uma fábrica. Ambiente precisa considerar o protagonismo compartilhado e a tecnologia.

Publicado por Gazeta do Povo em Segunda, 25 de setembro de 2017
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