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Cíntia está no 6º período do curso de licenciatura em Biologia pela UTP | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Cíntia está no 6º período do curso de licenciatura em Biologia pela UTP| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Algumas das últimas resoluções do Conselho Federal de Biologia (CFBio) vêm movimentando as discussões na área sobre a formação de biólogos. A entidade definiu critérios mais rigorosos para certificar profissionais e pede mudanças nas grades curriculares dos cursos de graduação. Não houve consenso na adoção da medida, e o Conselho Regional de Biologia do Paraná (CRBio-7.ª Região) está entre as entidades que criticam as novas normas. Com o objetivo de garantir uma formação mais densa, o CFBio exige 2,4 mil horas de aulas em disciplinas necessariamente vinculadas à Biologia. Na prática, esse critério já é usado para a emissão de registros profissionais desde março de 2010 e segue a estratégia adotada pelo Conselho de diferenciar bacharéis e professores de Biologia.

A medida tem impacto principalmente nos cursos de licenciatura, que, segundo dados do Ministério da Educação, representam aproximadamente metade dos cursos de Biologia em funcionamento no país. Atualmente um aluno de licenciatura conclui o curso com 2,8 mil horas, das quais apenas 1,8 mil são dedicadas a conteúdos específicos da área. O restante é voltado para disciplinas de cunho pedagógico.

A polêmica, no entanto, está no rigor ainda maior a ser adotado a partir de 2013. Segundo a Resolução n.º 213, os alunos que entraram na faculdade no ano passado só conseguirão o registro de biólogos se cursarem 3,2 mil horas em disciplinas específicas. A medida praticamente exclui licenciados da possibilidade de certificação.

Para o vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Paraná, Jorge Augusto Callado Afonso, há excessos nessa restrição. "A medida cria questionamentos sobre direitos de exercício da profissão e isso entra em conflito com uma lei federal", diz, referindo-se à Lei 6.684, de 1979 que regulamenta a profissão e inclui os licenciados em Ciências Biológicas como autorizados a receber o registro. Afonso diz acreditar que a discussão está longe de terminar e pode até ser revista em gestões posteriores, mas afirma que o Conselho seguirá a determinação federal.

Foco

Apesar das discordâncias quanto ao registro como biólogo, entre os estudantes é grande o número dos que consideram positiva uma diferenciação maior entre bacharéis e licenciados. É o caso de Cíntia Lopes Ferreira, 24 anos, aluna do 6.º período do curso de Licen­ciatura em Biologia pela Uni­versidade Tuiuti do Paraná (UTP). A obrigação de assistir a algumas aulas junto com as turmas do bacharelado é um dos fatores que incomoda a universitária. "Escolhi licenciatura porque quero ser professora, então preciso saber ensinar, e não me aprofundar em prática laboratorial", afirma Cíntia.

NovidadesCom base em outra resolução da CFBio, promulgada em agosto de 2010, a Universidade de São Paulo (USP) decidiu reformular o curso de Ciências Biológicas e criou três novas ênfases para o bacharelado. A partir de 2013 os candidatos ao vestibular da instituição poderão escolher entre Biologia Ambiental, Biologia Evolutiva ou Biologia Molecular e Tecnológica.

As mudanças incluem a definição de um conjunto de matérias comuns para todas as ênfases e para a licenciatura, além da criação de um núcleo específico para cada uma das ênfases. Os cursos serão oferecidos em período integral, com duração de cinco anos.

A CFBio justifica a recomendação alegando que a área de Biologia é muito ampla, e uma formação genérica atrapalha a entrada de um recém-formado no mercado. Na resolução as ênfases citadas pelo conselho são Meio Ambiente e Biodiversidade; Biotecnologia e Produção; e Saúde.

Embora outras universidades estudem mudanças no currículo, as adaptações não são obrigatórias. A coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vanessa Kava Cordeiro, informa que na instituição não serão feiras alterações a curto prazo.

O que você acha das mudanças, é a favor da ampliação do número de horas de disciplinas ligadas à Biologia ou contra? Por quê?

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