
Quem vê a segurança da professora substituta Priscila Resmer, 26 anos, em sala de aula não imagina que a docência nunca fez parte dos seus planos. Professora do Departamento de Física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ela encarou o desafio recentemente, depois de buscar orientação profissional com um coach.
Formada em Física, Priscila trabalhou em um hospital infantil e viajou o Brasil todo para vender um software e capacitar médicos para usá-lo. Sem se identificar com os empregos, ela estudou suas aptidões e descobriu a sala de aula como uma boa saída. Em 2012, Priscila começou um mestrado e passou em um concurso para ser professora substituta. "Tem sido uma oportunidade fantástica", conta a docente de Física da Saúde.
Substitutos são chamados sempre que os docentes efetivos têm de se ausentar da universidade por um período mais longo. Mais do que cobrir uma ou outra aula, eles são contratados para assumir toda a carga horária de uma disciplina e podem até, dependendo da universidade, ser orientadores de trabalhos de conclusão de curso. No caso da UTFPR, as atribuições são as mesmas entre todos os professores.
Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), os substitutos ficam até dois anos no cargo e não podem ser orientadores. Segundo Lânia Virginia Busnello Vaz, coordenadora de Planejamento de Pessoal da UFPR, esses professores são contratados a partir de um processo seletivo, com análise de currículo, prova didática e, em alguns casos, prova prática. Hoje, a Federal tem 124 professores substitutos.
Concurso
Em instituições públicas, para se tornarem efetivos, os professores precisam ser aprovados em concurso. Embora o trabalho como substituto não signifique mais pontos, a experiência é um diferencial na hora de buscar uma vaga permanente. "A vantagem é que os substitutos tiveram experiência em sala e, nas provas de desempenho didático, costumam se sair bem", conta Carlos Henrique Mariano, pró-reitor adjunto de Graduação e Educação Profissional da UTFPR.
Enquanto aguarda ser convocado para assumir a vaga de professor efetivo na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde passou em um concurso, o engenheiro civil Eduardo Pereira, 28 anos, segue com as aulas como professor substituto na UFPR. Mestre em Engenharia de Construção Civil e doutorando em Engenharia e Ciência de Materiais, ele conta que, ao assumir as turmas, percebe a insegurança que vem de alguns alunos. "Eu dou aula para alunos mais velhos e, no início, eles ficam desconfiados. Mas isso passa quando eles conhecem melhor os professores e o tratamento é igual entre todos", conta.



