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Pesquisa

Para impedir a extinção de orquídeas

Criado em 2009, o Banco de Sementes da UEL tem como objetivo conservar espécies ameaçadas usando nitrogênio líquido

As pesquisas do professor Ricardo Faria deram origem ao projeto da UEL. Até agora, 15 espécies de orquídeas são conservadas pela instituição | Roberto Custódio / Gazeta do Povo
As pesquisas do professor Ricardo Faria deram origem ao projeto da UEL. Até agora, 15 espécies de orquídeas são conservadas pela instituição (Foto: Roberto Custódio / Gazeta do Povo)

Proteger espécies de orquídeas brasileiras ameaçadas de extinção por meio da conservação das sementes em temperaturas ultrabaixas. Esse é o objetivo do Banco de Sementes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), uma iniciativa pioneira no Brasil, que surgiu com base nas pesquisas de pós-doutorado do professor de Agronomia Ricardo Faria, em 2009, na Flórida. "O homem pode fazer híbridos, ou seja, o cruzamento de espécies existentes, mas não pode recriar espécies que deixaram de existir. Por isso, é importante preservar as sementes", ressalta Faria.

Com 2.590 espécies nativas, o Brasil é um dos países mais ricos em variedades de orquídeas. Segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, pelo menos 34 delas correm alto risco de desaparecimento em um futuro próximo. A preocupação com o assunto não é recente na UEL. Desde 1997, a instituição conta com um laboratório de clonagem de tecidos e um orquidário, onde são preservadas mais de 100 espécies nativas da planta. "Na natureza, apenas 2% das sementes germinam. Em laboratório, conseguimos 98%."

Das sete estufas do orquidário saem as sementes, que serão conservadas em nitrogênio líquido, a 196°C negativos – o mesmo princípio do congelamento de sêmen e células tronco. Em uma geladeira comum, a 10°C, essas sementes durariam de seis meses a um ano. "A vantagem da criopreservação é preservar ou conservar as espécies por um longo período, de 100, 200 anos", explica o coordenador do projeto.

Conservadas

Até o momento, 15 espécies são conservadas no banco da UEL. "A escolha se baseia não só nas mais ameaçadas, mas nas plantas com sementes disponíveis no momento. É preciso esperar o ciclo biológico da planta", justifica Faria. O ideal, segundo ele, é preservar cerca de 300 mil sementes de cada espécie a fim de garantir a variabilidade genética.

Outra maneira de assegurar a sobrevivência das espécies é a disseminação dos bancos de sementes por todos os estados brasileiros. "É bom guardar em vários locais porque, se algum tiver problema, o risco de perder a espécie é menor. Estivemos em Fortaleza recentemente e o pessoal vem para cá conhecer. Goiânia já esteve nos visitando e Maringá também está iniciando um banco. Na Inglaterra, há um banco mundial de sementes com mais de 25 mil espécies. Nossa ideia é fazer parte dele."

Protocolo

Entre os 15 alunos de iniciação científica, pós-graduação, mestrado e doutorado que compõem a equipe do Banco de Sementes da UEL está a doutoranda Edilene Preti Ferrari, 26 anos, formada em Agronomia. "Minha pesquisa tem como objetivo desenvolver um protocolo de congelamento de sementes, a fim de garantir que sejam viáveis após o descongelamento", explica. Até o momento, o sucesso tem sido de 70% a 80%. "Depois de descongelar, fazemos um teste com corantes para saber quais ainda estão vivas. O ideal é chegar a 90% de sucesso", acrescenta o orientador, Ricardo Faria.

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