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Talita Thomezyk embarca nesta semana para a Rússia. | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Talita Thomezyk embarca nesta semana para a Rússia.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Ensino puxado, patriotismo e turmas internacionais

A paranaense Renata Sandrigo está na cidade de Kursk há quatro meses e conta que o rigor é grande no curso de Medicina. "As aulas são de segunda a sábado, não são toleradas faltas e as avaliações são diárias", diz. Como frequenta as aulas em inglês, seus colegas de turma não são russos, mas principalmente asiáticos e africanos.Sobre os diferenciais do país, ela cita o patriotismo como elemento que chama muito a atenção. "No Dia da Bandeira há uma linda homenagem, fazem ritos, revivem a história. Há um grande respeito com os antepassados e eles se preocupam em enfeitar toda a cidade", conta. Segundo ela, os veteranos de guerras são muito respeitados e a cidade toda é voltada para a história do país. Renata revela ainda que um dos motivos que a levou para a Rússia foi o que considera a "elitização" dos cursos de Medicina no Brasil. "A concorrência em universidades públicas é muito grande e o valor da mensalidade em faculdades particulares é muito alto", diz. Além disso, a tradição da Rússia em pesquisas médicas é atraente para quem pretende seguir na área.Embora o retorno ao Brasil esteja nos seus planos, Renata admite que após a formatura pretende passar algum tempo na Europa, adquirindo qualificação profissional em outros países.

Em meio à polêmica dos médicos estrangeiros vindo para o Brasil, alguns estudantes paranaenses se preparam para estudar Medicina na Rússia e, quem sabe, ficar por lá.

Essa é uma das possibilidades para quem aceita encarar seis anos com invernos rigorosos. Desde 2005, o programa ofertado pela Aliança Russa já levou cerca de 600 jovens brasileiros para o país. Um dos principais chamativos é o passe livre para trabalhar em toda a Europa.

Segundo Carolina Perecini, diretora da Aliança Russa, o interesse do governo em atrair estudantes brasileiros é o de apresentar a cultura da Rússia. O Brasil é o único país da América Latina para o qual vagas do programa são oferecidas.

Além disso, como a taxa de natalidade por lá caiu muito nas últimas décadas, há uma grande sobra de vagas nas universidades, que são cerca de 500, todas públicas.

O investimento cobrado pelo programa é relativamente baixo, outro chamariz para alunos de classe média. O curso de Medicina na Universidade Estatal Médica de Kursk, por exemplo, custa em torno de US$ 2.450 por semestre e é cobrada uma taxa de R$ 150 para a reserva de alojamento, também por semestre.

O programa ainda facilita na questão do idioma, já que os cursos de Medicina disponibilizados são totalmente em inglês, liberando os candidatos de dominar o complexo idioma russo e seu alfabeto cirílico.

A estudante Talita Novak Thomezyk (foto), 20 anos, é uma das paranaenses no grupo de 30 brasileiros que embarcam no próximo dia 18 e diz que a Rússia sempre chamou sua atenção. "A cultura russa é muito rica, não tem como não gostar", diz Talita, que é fã das obras de Dostoievski.

Ela conta que o processo seletivo é simples, não há provas, sendo a análise de currículo a etapa mais importante. Quando o estudante chega à Rússia, entretanto, há um exame de nivelamento com questões de biologia, física e química para definir se o candidato irá direto para a universidade ou passa um ano numa espécie de curso preparatório, no qual pode aperfeiçoar o inglês.

Idioma

Embora a Medicina esteja se destacando como o principal chamativo para intercambistas brasileiros que vão à Rússia, há outras oportunidades de cursos disponíveis. O paranaense Andrei Trentini, do município de Maria Helena, no Noroeste do estado, está de malas prontas para embarcar rumo à Universidade Estatal de Belgorod. Lá, ele frequentará um curso preparatório de nove meses para se acostumar com o idioma russo antes de ingressar no curso de Relações Internacionais (RI). Diferente do curso da área da saúde, no escolhido por Trentini é preciso entender russo para frequentar as aulas. O desafio não parece ser problema para o estudante. "O alfabeto cirílico (usado na Rússia) eu já sei, e espero aprender o idioma nos meses de curso", diz.

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