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Experiência

Rondon não é turismo social nem lazer cívico

Participar do Projeto Rondon conta pontos para o currículo, mas o ganho pessoal é o que os estudantes mais valorizam

Rondonista ministra oficina de serigrafina no município de Estreito (MA), durante a operação Portal da Amazônia. | Ministério da Defesa / Divulgação
Rondonista ministra oficina de serigrafina no município de Estreito (MA), durante a operação Portal da Amazônia. (Foto: Ministério da Defesa / Divulgação)

Estudantes que pretendem se aventurar em operações do Projeto Rondon recebem um alerta: a participação não se trata de "turismo social" nem de "lazer cívico". E a orientação faz sentido. Os rondonistas, como são chamados os universitários envolvidos com o projeto, devem estar dispostos a trabalhar duro, esquecer deles mesmos e ocupar manhãs, tardes e noites atendendo comunidades carentes durante cerca de 20 dias. Muitas vezes sem internet e telefone.

Duas vezes por ano, o Ministério da Defesa lança editais com informações sobre a região que será atendida. O próximo convite, para missões em janeiro de 2015, será feito no próximo mês. Cabe às universidades estudar as necessidades dos locais e elaborar, com ou sem a ajuda de alunos, uma proposta de trabalho. É preciso definir ações e os objetivos visados, assim como a metodologia, o público-alvo, a carga horária destinada e o retorno esperado para a comunidade.

As propostas são julgadas e as instituições selecionadas podem enviar uma equipe de dez pessoas – alunos e professores – para atuar com oficinas e intervenções diversas na cidade de destino.

No caso de Eder Deivid da Silva, estudante de Letras no câmpus Pato Branco da UTFPR, o processo contou com mais uma fase. Antes de participar da operação Velho Monge, em Peritoró (MA), no início deste ano, o projeto de sua equipe teve de ser selecionado pela universidade. "Nossa preparação foi muito intensa e trabalhosa. Tínhamos medo e insegurança de não conseguir desenvolver adequadamente o nosso papel. A integração com as demais equipes nos mostrou que estávamos capacitados para a operação", diz.

Depois que ouviu os relatos entusiasmados de uma rondonista, Maria de Fátima Mestre, 52 anos, quis participar do projeto de qualquer jeito. Assim que entrou no curso de Serviço Social, na PUCPR, foi procurar como se inscrever. Deparou-se com a regra que limita a participação a estudantes que cursaram ao menos metade da graduação. Quando atingiu essa etapa, o projeto da universidade não foi selecionado. Em janeiro deste ano, no 7.º período, Maria finalmente realizou seu sonho. A equipe dela foi enviada para Luzilândia (PI).

A experiência correspondeu à expectativa. Mesmo tendo de enfrentar muitas reuniões, pesquisas, estudos e dificuldades para chegar à cidade, Maria diz que foi para o Piauí com uma equipe e voltou com uma família, tamanho o entrosamento. "O Rondon deveria ser uma disciplina em todos os cursos, um projeto de vida para que cada acadêmico pudesse se apoderar do autoconhecimento e buscar uma transformação na sociedade", diz.

Na hora de ir

Confira as regras que os rondonistas devem seguir:

Direitos

>>> Transporte de ida e volta e locomoção na região atendida pelo programa.

>>> Alimentação e estadia (que geralmente é oferecida em unidade militar ou escola).

>>> Seguro de vida e assistência médica local.

>>> Kit contendo mochila, chapéu, camisetas e garrafa de água.

>>> Certificado de participação.

Proibições

>>> Consumo exagerado de bebidas alcoólicas e uso de drogas.

>>> Troca de passagens aéreas ou rodoviárias.

>>> Levar bagagem com peso superior a 20 quilos.

>>> Circular sem documento de identidade original e crachá.

>>> Aceitar pagamentos ou tirar vantagem pessoal como retribuição da comunidade.

Recomendações

>>> Cuide com o vestuário. Em organizações militares, é proibido o uso de bermuda ou shorts. Dê preferência a roupas leves e práticas, como jeans, camiseta e tênis.

>>> Evite envolvimento afetivo com pessoas da comunidade.

>>> Não prometa o que não poderá cumprir e respeite as pessoas e os costumes locais.

>>> Inclua na bagagem medicamentos de uso frequente, material de costura, de higiene pessoal, protetor solar, protetor de ouvido, óculos de sol, guarda-chuva, lanterna, baterias, roupa de cama e banho e repelente.

>>> Evite levar objetos caros e leve algum dinheiro para possíveis eventualidades.

>>> Use a camiseta de rondonista durante todas as atividades da operação.

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