
Muitos acreditam que a "propaganda é a alma do negócio", mas nem sempre é preciso investir em grandes campanhas publicitárias para atingir um objetivo. Dentro das universidades, os bons e velhos murais são uma opção barata e prática que ajuda estudantes a divulgarem serviços e encontrarem o que procuram. Dentre os anúncios tem de tudo: quartos para alugar, cursos de línguas, auxílio em monografia, oferta de emprego, objetos à venda e, claro, muitos cartazes de festas e shows.
Os murais servem como um canal de comunicação entre todos que fazem parte da comunidade acadêmica. Entretanto, são os anúncios de baladas e viagens que fazem mais sucesso entre os universitários. No começo deste mês, a festa à fantasia do curso de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) contou com mais de 200 pessoas, muitas delas ficaram sabendo do evento por meio dos cartazes colados nos painéis.
Um dos organizadores da festa, o estudante Fernando Graton, reconhece o sucesso da divulgação. "Fizemos quatro grandes cartazes bem chamativos, em laranja, com o desenho feito por um colega e um nome sugestivo: Libera a libido. Isso atraiu as pessoas", acredita. A maioria dos outros anúncios não conta com tanta criatividade, mas funcionam bem quando têm a sorte de serem vistos e oferecem exatamente aquilo que os alunos precisam.
Empresas
E não são apenas os estudantes que usam os murais. "A grande maioria dos estudantes de graduação é jovem e gosta de manter uma vida social movimentada. Esse é o nosso público alvo", conta Lauriana Galvão, sócia de uma empresa de excursões de Florianópolis que recentemente começou a anunciar nas universidades de Curitiba. Com menos de três meses anunciando na capital paranaense, a empresa já levou estudantes para o Rock in Rio, Oktoberfest e para o festival Planeta Terra.
Lugar para morar
Muitos jovens mudam de cidade para estudar. Com isso, surge a necessidade de buscar um lugar para morar o que explica a grande quantidade de anúncios oferecendo quartos para alugar ou até apartamentos à venda.
Foi pensando nisso que a bioterapeuta Maria Feitosa Pinheiro reformou seu consultório, na região central de Curitiba, e passou a oferecer moradia para estudantes. A casa tem espaço para até sete hóspedes e vive lotada graças aos pequenos cartazes em folha de papel sulfite pregados nos murais de faculdades. "O anúncio é simples, só com telefone. Sempre tem estudantes chegando e indo embora", conta.
Mesmo com tanta oferta tem quem não encontre o que procura. Para esses casos, os murais também são uma boa aposta. A estudante de Direito das Faculdades Opet Vanessa Rocha fez cartazes à mão, em folhas de caderno, pedindo opções de moradia. Para tranquilizar os futuros colegas, ela descreveu um pouco da sua personalidade: garante que não tem vícios, gosta de quadrinhos e ajuda na faxina. "Geralmente, as pessoas que anunciam nesses painéis são jovens entre 17 e 24 anos. Como tenho 32, busquei especificar um perfil com que muitos possam se identificar", justifica. Ela fez seis cartazes, distribuídos há duas semanas, mas ainda não conseguiu o que queria.
Cama à venda
A doutoranda em Tecnologia de Alimentos da UFPR Kátia Frizon tenta vender uma cama seminova há duas semanas. "É mais fácil vender para um estudante do que para uma loja de móveis usados, que ficaria bem mais longe", diz. Ela tem um palpite para a baixa procura. "Provavelmente, se eu tivesse divulgado no começo do semestre, quando alguns se mudam para a cidade, teria conseguido vender mais rápido."
Cursos
Outro tipo de anúncio bastante procurado é o de eventos, cursos ou serviços relacionados à vida acadêmica. A pedagoga Dulce Borges oferece orientação para trabalhos de conclusão de curso, formatação nas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e orientação psicopedagógica. Os anúncios amarelos colocados nos murais fazem com que ela tenha clientela de março a novembro. "Meu público-alvo são os estudantes. Nada melhor do que anunciar diretamente no local onde eles têm aula e estão com os pensamentos voltados para os estudos."
Despercebidas
Como nem todos estão atentos aos murais, oportunidades passam despercebidas. O mexicano Pablo Orozco, estudante de Relações Internacionais, veio para o Brasil como turista para praticar a língua portuguesa. Fluente em espanhol e inglês, ele ofereceu aulas das línguas que domina em troca de aulas de português, sem custos. Com a temporada em Curitiba chegando ao fim, Orozco deve deixar a cidade sem conhecer qualquer interessado pela proposta. "Até achei que os cartazes tinham sido retirados, mas não teve procura mesmo. É uma pena", lamenta.
O administrador de clínicas de odontologia Flávio Luiz Pipino também não teve uma boa experiência com seus cartazes. Para ele, uma surpresa negativa, já que oferecia o que a maioria dos formandos ou recém-formados procura: emprego. "Você é a segunda pessoa que me liga por causa do anúncio", disse, ao ser procurado pela reportagem. A vaga em clínicas de Paranaguá, no Litoral, foi ocupada a partir de outro tipo de divulgação. "Para colocar os anúncios nos murais de cinco faculdades levei uma semana. Enfrentei um pouco de burocracia", reclama.
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