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O assistente em Administração Christopher Jonas Teles (com camisa branca, à frente), 36 anos, ajuda professores e alunos da Unila, em Foz do Iguaçu, há um ano e meio | Christian Rizzi / Gazeta do Povo
O assistente em Administração Christopher Jonas Teles (com camisa branca, à frente), 36 anos, ajuda professores e alunos da Unila, em Foz do Iguaçu, há um ano e meio| Foto: Christian Rizzi / Gazeta do Povo
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Queridinho dos alunos

Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Ele não está entre os homenageados em formaturas por ter dado aulas marcantes durante a graduação ou por ter sido excelente orientador de TCC. Mesmo sem ter ministrado uma aula sequer, o secretário do curso de Artes Visuais da UFPR Luiz Roberto Dondalski (foto), 56 anos, é figura carimbada em formaturas do curso. Ele já perdeu a conta de quantas vezes foi escolhido para ser homenageado pelos alunos e, no ano que vem, tem mais um reconhecimento de formandos à vista.

Em 33 anos de carreira como técnico-administrativo, Dondalski entrou na universidade como revisor de textos – cargo que será extinto – e passou por uma biblioteca e pela secretaria de diversos cursos. Em alguns meses, ele se aposentará, mas garante que não esquecerá dos alunos. "As placas que eu recebo ficam em um cantinho da casa como se fossem troféus, para as visitas verem", diz, orgulhoso.

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Cara a cara com todos

Ivonaldo Alexandre / Gazeta do Povo

Não há quem estude no câmpus Curitiba da UTFPR sem ter passado pelas lentes de Sérgio Jáder Navroski Caponi (foto). Ele trabalha no Departamento de Registros Acadêmicos e é responsável por tirar fotos dos alunos para os crachás. O primeiro contato até pode ser rápido, mas é difícil esquecer-se do simpático senhor de 52 anos que também trabalha como recepcionista.

Bem humorado, ele diz que alegria é o segredo para se dar bem com todos. "O aluno vem buscar informação e, se encontra um funcionário sisudo, mecânico, ele fica inibido. Eu procuro manter um nível de conversa mais aberta, alegre, para deixar a pessoa à vontade", diz.

77.178 novos cargos

foram criados no ano passado pela Lei Federal 12.677. São vagas efetivas, de direção e funções gratificadas para instituições federais de ensino. Desse total, 27.714 cargos destinam-se a técnicos administrativos. A lei estipula que os cargos serão distribuídos conforme acordo entre os ministérios do Planejamento e da Educação e podem ser destinados a instituições já constituídas ou que ainda serão criadas. De acordo com o MEC, em março deste ano foram liberadas mais 4,3 mil vagas para cargos técnico-administrativos, cujos concursos estão em andamento.

Se todos os servidores técnico-administrativos deixam de trabalhar, a universidade para. Seja nos bastidores ou em função de destaque, lá estão eles em praticamente todos os setores, contribuindo com o processo educativo e com a função social das instituições. Eles atuam em dinâmicas administrativas dos processos de pesquisa, ensino e extensão, em hospitais universitários, no planejamento estratégico e operacional das organizações e em funções específicas determinadas com a aprovação em concursos públicos.

Nos últimos anos, os servidores ganharam destaque por sua forte atuação em busca de direitos trabalhistas e mais reconhecimento, especialmente durante as greves nas universidades federais. Além das questões salariais, o principal descontentamento relacionava-se com a disparidade entre novas vagas para alunos e técnicos.

Enquanto as vagas anuais para calouros passaram de cerca de 110 mil em 2003 para mais de 230 mil em 2011, segundo o Ministério da Educação (MEC), os servidores viram um pequeno aumento nas contratações nos últimos anos. O total de funcionários na ativa (desconsiderando aposentados) passou de 93,7 mil para 120,7 mil no mesmo período. Para o coordenador-geral da Fasubra (federação de sindicatos da categoria), Paulo Henrique Rodrigues dos Santos, as novas contratações têm sido insuficientes para cobrir afastamentos e aposentadorias.

"A sociedade não sabe que temos três vezes mais alunos e que o governo não faz a reposição do quadro [de servidores] conforme a sua necessidade, o que compromete a qualidade do ensino", critica Santos.

Cargos extintos

Outro fator que está mudando a concepção do trabalho de servidores em universidade federais é a extinção de cargos e de postos de trabalho. Enquanto nas instituições mais antigas a extinção ocorre de maneira gradual, até que os servidores desses cargos específicos se aposentem, as instituições mais recentes já contam com a divisão do quadro de funcionários entre concursados e terceirizados. Entre os 45 cargos que estão desaparecendo como posto público de trabalho e têm sido substituídos por funcionários terceirizados estão os de motorista, copeiro e servente de limpeza.

Guia dentro do câmpus

O assistente em Administração Christopher Jonas Teles, 36 anos, ajuda professores e alunos da Unila, em Foz do Iguaçu, há um ano e meio. Apesar da função estabelecida, ele não é procurado apenas para providenciar materiais das aulas. Por causa da longa experiência anterior como guia turístico, ele é "o cara" quando os alunos de diferentes nacionalidades procuram indicações sobre passeios e atividades na região. Vindos de longe, os alunos também conversam com ele sobre a falta que sentem de casa.

"Além da questão acadêmica, também acontece de procurarem quando estão com problemas pessoais, saudade dos pais e outras coisas corriqueiras. Isso porque tenho contato frequente com os estudantes", diz. O fato de falar inglês, espanhol e italiano ajuda a integração. "Servidores têm de estar sempre se aperfeiçoando e nisso entram também as línguas estrangeiras", diz Christopher.

Três pilares

Ao lado de professores e estudantes, os técnicos-adminstrativos formam os três pilares de uma universidade. É isso que defende o secretário de Gestão de Pessoas da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), João Afonso Hirt. "Sem qualquer um desses pilares, a instituição não funciona", diz. O pró-reitor de Gestão de Pessoas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano do Rosário Ribeiro, concorda. Para ele, a falta dos servidores traria um impacto altamente negativo, especialmente nos hospitais universitários.

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