
Grandes ideias podem ser fruto da inteligência de uma pessoa só, mas projetos precisam de uma soma de esforços para se transformarem em realidade. Assim como as formigas que sozinhas não passam de um inseto frágil e juntas formam uma das comunidades mais organizadas do reino animal , os seres humanos vão mais longe quando estão unidos. O trabalho em equipe gera resultados melhores, em menos tempo, e é essencial em praticamente todas as áreas. Uma cirurgia, um prédio, uma campanha publicitária, um programa de computador: tudo isso exige competência e dedicação de vários profissionais para ser bem feito. E, como no caso das formigas, quando cada um sabe e cumpre suas funções, os benefícios são divididos entre todos.
Um dos melhores lugares para exercitar a postura em trabalhos de equipe é a faculdade. A estudante de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Fernanda Silva aproveita o curso para melhorar o relacionamento interpessoal. "Participo de alguns grupos de estudo e iniciação científica. É essencial saber ouvir os colegas. Visões diferentes acrescentam muito aos trabalhos", diz. No caso da estudante, a sintonia com os colegas é tão importante quanto entre médico e paciente e outros profissionais da saúde. E isso vale para todas as profissões: além de manter boas relações com colegas diretos, também é preciso dialogar com outros profissionais e, principalmente, com o público ou cliente.
Exercício
Na graduação, exercitar o trabalho em grupo é um importante passo na formação dos profissionais e vai muito além de uma política para melhorar o clima entre colegas ou a harmonia do grupo. Isso é preciso porque dá resultados concretos."Por ser, normalmente, mais heterogêneo, o grupo possibilita encontrar soluções que sozinhos, sem as articulações e os embates próprios do trabalho em equipe, não vislumbraríamos. É a velha história de que duas cabeças funcionam melhor do que uma", explica o professor dos cursos de Comunicação da UniBrasil e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) João Augusto Moliani.
A estudante de Engenharia Civil da UFPR Aline Piske está acostumada a trabalhar em conjunto. No curso, o trabalho em grupo é exigido em quase todas as disciplinas. Ela já projetou pontes, fez orçamento de obras e até participou de um projeto para melhorar o restaurante universitário da instituição. Tudo ao lado dos colegas.
"As pessoas têm de ouvir e se posicionar. Além disso, a troca de raciocínios possibilita o desenvolvimento e o aprofundamento dos temas", diz a estudante, que afirma acreditar que esse é um exemplo do que será encontrado no ambiente profissional. Contudo, a união de pessoas diferentes nem sempre dá certo. Divergências e intolerância podem levar ao fracasso rapidamente. "Já tive problemas com desentendimentos e integrantes que não participaram", conta Aline.
Pré-requisito para o currículo
A capacidade de trabalhar com a diversidade é uma das principais qualidades que empresas buscam nos profissionais. "No mercado de trabalho existem pessoas de diversas religiões, raças, culturas e visões políticas. O bom profissional deve ser flexível e aberto a opiniões diferentes e isso é uma extensão do que é trabalhado na universidade", diz o diretor da regional sul da Business Partners Consulting, Carlos Contar.
Trabalhar em equipe já foi um diferencial; hoje é pré-requisito. Quem não se comporta bem dentro do time da empresa não se estabelece e não consegue altos cargos. Ter um bom relacionamento interpessoal, ser cortês, saber ouvir, entender e tomar decisões é mais importante do que um currículo repleto de especializações.
Mas como se destacar sem passar por cima dos colegas? Um dos maiores desafios é saber o momento e o jeito certos de assumir a liderança de um projeto. O bom profissional sabe quando deve ser líder e quando é melhor ser subordinado. "Em um grupo, geralmente cada integrante tem uma habilidade ou conhecimento específico que se sobressai. Quando surge um tema mais relacionado a essa área, a liderança deve vir naturalmente, sem imposições", explica Contar. O importante, segundo ele, é transparecer credibilidade e confiança para os demais e saber passar a bola quando a especialidade de outro for mais necessária.
Em busca do perfil de liderança, cada vez mais empresas usam dinâmicas de grupo em processos seletivos. O que define o profissional com esse perfil é a capacidade de unir as ideias de toda a equipe. "O líder não é aquele que sabe mais, é o que vai fazer com que todos deem as mãos e conquistem a meta proposta. Deve estar sempre disposto a aprender."



