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Após receber uma denúncia, o Ministério da Educação enviou ofício na quinta-feira (1º) à Universidade Paulista (Unip) cobrando, no prazo de dez dias, explicações sobre indícios de irregularidades nas notas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) carro-chefe de uma agressiva campanha de marketing veiculada pela instituição.

Quarta maior universidade do País, com 200 mil alunos, a Unip é acusada de selecionar apenas os melhores alunos para fazer o Enade: quanto menor o número de inscritos no exame, melhor é o desempenho da instituição. Com isso, pode colocar em xeque todo o sistema de avaliação do ensino superior.

Segundo relatório enviado ao presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Luiz Cláudio Costa, e repassado ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a universidade "esconde" seus alunos com notas mais baixas. Três professores e um ex-funcionário da Unip confirmaram que há uma orientação nesse sentido.

Estudantes de desempenho médio para baixo ficam com notas em aberto na época da inscrição para o Enade. Em 2010, estavam aptos a fazer o exame alunos do último ano que tivessem completado ao menos 80% da carga horária do curso até 2 de agosto. Com as notas em aberto, os piores não completam a carga horária e só os melhores fazem o exame. No curso de Odontologia de Campinas, por exemplo, só cinco prestaram o Enade 2010. Tiveram nota média de 4,79 - a máxima é 5. O curso passou a ser considerado o melhor do Brasil, superando universidades estaduais e federais.

Após o período de inscrição para o Enade, os alunos de médio ou baixo desempenho recebem a nota que faltava. Segundo os professores ouvidos, isso geralmente ocorre após a entrega de alguma tarefa individual. Depois, alunos que não prestaram o Enade (a maioria) se formam com os colegas que fizeram o exame. "Uma coisa é dar prêmio e pen drive para quem vai bem no Enade. Esconder o aluno e devolvê-lo à turma depois do exame é fraude", diz um ex-dirigente do MEC que pediu anonimato.

Procurada, a Unip afirmou, por meio de nota, que os resultados no Enade "decorrem das medidas que são continuamente tomadas pela universidade para qualificar cada vez mais os seus cursos". Entre elas, cita o investimento em infraestrutura e a capacitação de professores.

O relatório enviado a Mercadante, feito por um especialista do ensino superior, compara o número de alunos que entra na universidade (ingressantes) e o de inscritos no Enade. Isso mostra que a Unip caminha na contramão do País, no qual a taxa de participação no exame tem aumentado.

Em 2007, 13.358 estudantes entraram no 1.º ano em cursos superiores de Nutrição no País. Naquele ano, as faculdades e universidades inscreveram no Enade 6.631 alunos (49,6% dos ingressantes). Em sete unidades da Unip no Estado de São Paulo, essa relação era ainda mais alta, de 53,4%. Em 2010, mais alunos de Nutrição passaram a fazer o Enade no País, no qual a relação entre alunos do 1º e do último ano cresceu para 53,4%. Nas unidades paulistas da Unip foi o inverso: a taxa caiu para 10 8%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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