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Recomeço

De volta às apostilas

Preparar-se para o vestibular depois de anos longe da sala de aula requer coragem. Maturidade e baixa cobrança tornam a experiência mais fácil

Michele Mitzakoff decidiu trocar a Odontologia pela Arquitetura | Antônio More / Gazeta do Povo
Michele Mitzakoff decidiu trocar a Odontologia pela Arquitetura (Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

Com maturidade e sabedoria na mochila, pessoas que estão longe dos anos da adolescência voltam a cursinhos à espera de uma vaga na universidade. Motivados pela busca de novos conhecimentos, para passar o tempo ou para mudar os rumos da carreira, esses vestibulandos têm conquistado o sonhado espaço na lista de aprovados no lugar de muita meninada.

Foco e dedicação fazem parte do perfil dos estudantes maduros. "Enquanto o mais jovem tem necessidade de se encontrar, de iniciar uma carreira e sonha com a independência, os mais velhos já passaram por isso e não se deixam atrapalhar por coisas supérfluas, como baladas ou namoros", diz Debora Loepper Borges, coordenadora pedagógica do Curso Decisivo. Por já ter conquistado a independência ou a segurança financeira, ou por já ter uma família e filhos, quem tem mais idade também sofre menos com a cobrança pela aprovação.

"A tendência ao longo da vida é ir se acomodando. Essas pessoas que voltam a estudar são admiráveis, pois são obstinadas, decididas, perseverantes e corajosas. Deixam tudo para trás e arriscam novamente", afirma Ivo Lessa Filho, diretor adjunto do pré-vestibular do Curso Acesso.

Eles sabem como aprendem melhor, têm boas argumentações, são capazes de fazer inter-relações que facilitam a assimilação do conteúdo. Há uma postura mais crítica ao assistir às aulas e o comprometimento é maior, mas isso não significa que quem já passou por essa experiência tenha de trabalhar menos. Pelo contrário, eles precisam compensar o tempo que passaram afastados de algumas áreas. Um engenheiro tem de retomar os estudos com História e Geografia, por exemplo.

Família

De olho na carreira, a vestibulanda Mara Cristina Ruiz, 33 anos, quer continuar trabalhando em bibliotecas, mas sente necessidade de se atualizar. Depois de ter abandonado o curso de Letras pela metade, há quase dez anos, Mara pretende cursar Biblioteconomia a distância ou ingressar na universidade. "Ainda não sei se vai sair neste ano o curso na minha área. Se não tiver turma, vou prestar vestibular para Direito. Tenho uma filha de 9 anos e quero que ela tenha um bom exemplo a seguir", conta.

O envolvimento com a família é um dos fatores que determina o comportamento de quem volta a estudar, segundo Lessa Filho. "Esses estudantes não têm tempo a perder. Não podem se dar ao luxo de perder o foco no decorrer do ano", diz. Mara conta que, assim como ela, sua turma de cursinho está bastante comprometida com os estudos. "A minha turma lá atrás era mais imatura. Agora as aulas são mais descontraídas e estou aprendendo mais", diz.

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